domingo, 20 de julho de 2008

CONHEÇA PENAJÓIA

TORRE é um lugar da Penajóia, mas não se sabe a razão por que lhe deram o nome de Torre. Talvez houvesse aqui, em tempos remotos, alguma torre, sem que hoje dela existam vestígios.
As suas casas são de construção simples e de robusta solidez. É um lugar pequeno, mas bonito, bem situado e descobrindo-se daqui um vasto horizonte, desde Quintela até às alturas de Vila Real, S. Domingos de Queimada e muitas outras povoações do vale e encostas do Rio Douro. È povoação cruzada por caminhos antigos e, ai, o nosso olhar vê a paisagem quente de uma Penajóia de vinhas e cerejeiras.
Na Torre há umas alminhas, memória levantada com o fim de pedir aos viandantes, aos romeiros, uma oração pelas almas dos “irmãos” mortos e caídos no Purgatório, esperando a subida ao Paraíso, como os azulejos recordam.
Neste lugar houve, em tempos, alguns rebanhos. Eu ainda me recordo do último que lá existiu.
A sua gente é simples, sem grandes ambições, mas a vida obriga-os a um trabalho próprio da região e de cada época do ano.
Este lugar, em princípios de 1800, foi indicado para fornecimento de carne à população da Penajóia. O proprietário do açougue, sem escrúpulos, procurava roubar no peso feito aos fregueses e só fornecia a carne nos dias que ele muito bem entendia, fora dos marcados pela Lei.
O povo, indignado com tal procedimento, fez chegar o seu desagrado às autoridades de Lamego em 29 de Junho de 1825, pela voz do seu procurador, P. Joaquim Cardozo. Assim, no dia 6 de Julho daquele ano, foi presente à Câmara, a sua balança para ser aferida. A Câmara ao constatar o incorrecto procedimento do comerciante do açougue condenou-o na quantia de dezoito mil reis, pagos na cadeia na forma da lei da época. Creio que lhe serviu de lição.
Este lugar, perto da estrada, sobe aos altos, devagarinho para que o espírito se sinta estimulado e dê asas à imaginação.
A Torre tem 25 famílias e 77 habitantes, contadas umas famílias que vivem por cima do caminho.
Não tem estabelecimentos, abastecendo-se em S. Geão e Poça d’Alva ou nos ambulantes que percorrem Penajóia inteira. Com o calcetamento do caminho, alguns carros já entram e saem por ambos os lados, seja da Estrada 222, seja por S. Geão. Aqui funcionou muitos anos uma escola Primária. Tem um fontenário simples e espera novos melhoramentos.
Frei José de Jesus Cardoso

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