quinta-feira, 19 de abril de 2007

PENAJÓIA – POVO DE PASTORES

(Dizem os livros e papéis velhos)

Quando os homens não tinham tantas ambições, porque eram mais simples, e viviam a vida pastoril, a Penajóia era uma cidade. (Dizem livros velhos e eu digo o que eles me dizem). Era a cidade de pequenos gados, do gadinho, num lugar que hoje chamam Guediche (de guedicho, ou gadinho), lá para cima, para os lados do monte do Poio.
Aos poucos, calmamente, foram as gentes descendo até ao Douro. E, nesta descida, foi a agricultura tomando desenvolvimento, e o gado esquecendo.
O Guediche e o monte do Poio ficaram baldios mas, daí para baixo, nasceu o “Jardim do Douro”; onde não havia árvore de fruto que senão conhecesse. Era um paraíso. A Penajóia conhecia-se como terra das cerejas. Até as havia maduras em Fevereiro, ali para a Ribeira de Fornos.
Toda a Penajóia produzia também vinho, e vinho em abundância. Até que, nos meados do século passado, apareceu o oidium, e foi uma dor d’alma. As videiras adoeceram, começaram a desfalecer e de todo morriam, se não se descobrissem a aplicação do enxofre. Mas, até esta descoberta, muitos foram os lavradores que começaram a comprar gado e pensaram voltar à vida pastoril, como nos tempos da antiga Guediche...

In, “Ecos de Penajóia”, Setembro de 1979

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