segunda-feira, 28 de abril de 2008

Lugares de Penajóia

CODORNEIRO
Pequeno lugar da freguesia da Penajóia, o Codorneiro tem 12 fogos, de pouco valor arquitectónico no con­texto da Arte.
Existiu aqui uma pequena indústria de calçado próprio para os trabalhadores do campo a que chamavam "socos ou tamancos". Hoje, vive-se quase exclusivamente da agricultura e da fruticultura.
Numa casa que hoje pertence aos herdeiros de António Moura Guedes (Taveira), e hoje Casa de Turismo Rural. Faleceu por volta de 1844 um tio do antigo dono, António Rodrigues França, conhecido por Frei Bernardo do Moledo (por ser o Moledo povo vizinho e mais conhecido), que foi o homem mais temido e respeitado em todas as freguesias circunvizinhas e de algumas léguas em redor. Soube, por isso, granjear, como poucos, fama de grande valentão e teve a felicidade, rara em homens desta têmpera, de morrer tranquilo em sua casa.
Nunca matou ninguém, mas pessoa alguma o provocava ou desconside­rava.
Quase em frente das suas janelas, era o ponto da Sermenha. Barco que subisse tinha obrigação (por antigo privilégio da família do frade) de lhe pagar 1.000 réis por cada corda (sirga) que ali pousasse em terra.
Tal era o prestígio de Frei. Bernardo que, sendo os arrais e barqueiros do Alto Douro, em regra, valentões e tur­bulentos, nunca houve um só que se opusesse a este tributo, há muitos anos extinto por lei de 16 de Maio de 1832.
Frei Bernardo vivia em casa de familiares, por nesta altura se ter dado a exclaustração das Ordens Religiosas. Sempre que necessário, ele próprio e um seu criado, adrede as obrigavam à força de pancadaria os barqueiros a pagar o que considerava ser-lhe devido. Hoje já não existe o ponto da Sermenha por causa da barragens e a barca por – Deus, também não. Ainda há muita gente viva que se lembra dos barcos rabelos e dos arrais. E ainda hoje, este povo se não livra da fama de conflituoso. Hoje a estrada ribeirinha passa-lhe
. aos pés e o contacto com o resto da Penajóia, com a Régua, Lamego, Resende, etc., tornou-se mais fácil e a convivência mais forte. Possibilitou também o aparecimento de comercian­tes de fruta e de um industrial de construção civil.
Tem realmente doze famílias, se contarmos o Lenço, ali pertinho, e 42 pessoas. Sem Escola, suas crianças vão à Escola de S.Geão; tem a Rede à mão do outro lado do rio, a Régua e Molães para o seu abastecimento, além dos ambulantes a quem a estrada facilitou a vida. Frequentam a Missa de Molães, na generalidade.
A fruta e a vinha constituem a sua base agrícola, estando situada entre as Quintas do Lenço, de Penim e de Santa Clara.
Precisava dos seus caminhos compostos, de água e saneamento.

Fr. Jose Jesus Cardoso,ofm.

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