terça-feira, 21 de agosto de 2007

OS MOINHOS DA PENAJÓIA



DIZEM OS LIVROS E PAPEIS VELHOS
OS MOINHOS DE PENAJÓIA
Não vou falar do aparecimento dos moinhos na Penajóia. Isso era história muito complicada, porque vinte e quatro anos antes de Nosso Senhor vir à Terra, já se escrevia sobre esses engenhos maravilhosos movidos pela água.
Ainda no século passado, possuía a Penajóia para cima de cinquenta moinhos aproveitando as suas muitas águas. Preparavam eles o cereal para o pão que bastava as suas gentes. Em anos de seca, chegavam até para ajudar a cidade de Lamego que não conseguia moer a farinha que carecia.
Humildes regatos do monte do Poio, virados ao Douro, fazem já em Mesquitela, o rio Cabril quedai para baixo, muitas vezes loucamente, se atira para os lados do Moledo. Pois era nesta pujante correria que estas rodas de moinhos de cereais, sem entontecer, giravam para oferecer a farinha que alimentava a Penajóia.
Perdia-se na memória dos homens o início do direito àquelas águas pelas gentes desta freguesia. Eram suas, e por isso dormiam descansados.
Ora, ai por 1855, os vizinhos de Barrô, numa noite - há coisas que só se fazem pela calada da noite – foram até à serra , abriram um açude, instalaram uma roda de moinho, apressadamente construíram e foram eles os moleiros para as suas gentes. Numa noite, ficáramos da Penajóia quase sem água!
Vieram as novas máquinas, veio o que se chamam “progresso”. Morreram os moinhos. Restam aqui e além velhas lembranças de um passado em que o homem vivia na sua terra, da sua terra, para a sua terra e..., já nesse tempo lhe “pregavam partidas”. Mas, menos do que hoje... (Era só pela calada da noite).
Lamego Julho de 1979.
F.J.C.Laranjo

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