terça-feira, 29 de janeiro de 2008

UMA PÁGINA DE FREI CARDOSO E PADRE ARMANDO

CONHEÇA PENAJÓIA -
Sampaio é um lugar da Penajóia, geograficamente bem situado no de­clive da encosta de quem desce para o rio Douro.
A seu lado, passa o ribeiro Cabril, imponente e desesperado por chegar ao.rio Douro, saltando ribanceiras, galgando penedos e passando por velhos e defultos moinhos que, em tempos não muito remotos, foram a principal indústria da terra.
Hoje, os moinhos que ainda exis­tem, apenas servem de esconderijo a texugos e outros animais que por ali andam.
As casas desta povoação são simples, pintadas desde o amarelo ­ocre até ao branco, já debotado e de singular beleza.
As varandas antigas e as fachadas
vão cedendo ao progresso.
É necessário percorrer a pé este lugar e de olhos abertos, para desco­brir as marcas do passado, por quasetodos os caminhos que se construiram vagarosamente, com gosto e paciência, escondidos entre socalcos e vinhas, com deslumbrante paisa­gem, harmoniosa embora de tons vari­ados, porque as mãos do homem vão modificando, pouco a pouco, a natureza. Em todos os recantos, se plantam vinhas e cerejeiras. Outras árvores aparecem já, alternativa às
tradicionais. .
A velna azenha é a principal indústria deste lugar. Nela é feito o bom azeite da região. Foi, durante muitos anos, movida pela água do ribeiro Cabril. Ainda me lembro do brilho da água e do ranger do engenho que movia as enormes pedras que esmagavam a azeitona.
Hoje, a água foi substituída pela técnica moderna. Mas ainda apetece, quando :paro na estrada, olhar esta povoação: as chaminés das casas a fumegar, a cor do casaria, as velhas árvores e os caminhos. E, no final, a admiração pela terra remexida pela força do homem, que continua a culti­var com amor os campos que Deus lhe deu.

Uma página de Frei Cardoso e de P.e Armando
UMA TERRA, UM NOME
O nome parece vir de S. Pelágio, que o povo breve modou para Sampaio, num velho hábito de corromper as palavras primitivas e as adaptar ao seu gosto. Assim aconteceu muitas vezes.
Plágio era natural da Galiza e viveu no século X. Levado preso pelos Mouros, com seu irmão que era Bispo, este libertou-se à custa de muitas promessas, mas tendo de deixar seu irmão, como refém, entre os inimigos da Fé e da Pátria. Resistiu a muitas promessas e ameaças e morreu aos treze anos, martirizado porque não cedia aos desejos dos seus adversários. O seu nome e o seu culto tornaram-se populares em Portugal, razão para o nome de tantas povoações.
Quantas povoações haverá em Portugal com o nome de Sampaio? Apare­cem, de vez em quando, no horizonte, assinaladas por uma placa toponímica, ao contrário do que acontece entre nós. E só nós sabemos que ali é Sam­paio.
A nossa povoação tem 20 casas habitadas e 61 habitantes. Como todas as outras, está em declínio, pois o acesso, possível a carros, é íngreme e só dá passagem a um carro, embora permita a passagem de Uma cami­oneta de carga até à azenha.
Ao fundo da povoação existe o lugar do Couto, sem casas e de bom aproveitamento agrícola, onde as uvas amadurecem muito cedo e são de bom paladar. Couto era nome dado a uma propriedade da igreja ou convento. Designava sempre uma posse de origem ecelesiástica. Com o tempo, ficou o nome, mas os donos deixaram de ser a igreja, convento ou passal, para ser alguém da povoação.
As suas crianças vão à Escola cha­mada de Molães, mas que fica perto de Fiéis de Deus. Frequentam a igreja de Molães, onde também se abastecem
do necessário para a alimentação. Vêm à estrada comprar o pão, o peixe ou outros produtos de ambulantes. Ali existe um nicho da Senhora da Con­ceição, benzido há anos, quando eu vim para a Pena jóia.
Os carros aparecem, propriedade de gente do lugar e um fruteiro começou a actividade há bem pouco tempo.
É o lugar da naturalidade do P.e Óscar, nosso colaborador habitual e que ali passa as suas férias quando vem à Penajóia. A sua paisagem é muito bonita quando vista de Lagoas, onde muitos carros param para tírar fotografias. E subir um pouco na ponte da Caneja é ocasião para .outra vista admirável. Mas ali, só sobem os que por ali trabalham ou são convidados por eles, como me aconteceu a mim. O ribeiro é rico de freixos, cuja folha seca dá um chá muito bom para atacar o
ácido urico.
Subindo um pouco pelo ribeiro, deparam-se-nos rêcantos convidativos a um olhar repousado e de descoberta da riqueza da flora ali existente. Ignora­mos muitas vezes a riqueza que encer~ ram as nossas terras. E até perguntam onde há os freixos bons parao chá...

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

FESTA DOS SANTOS MARTIRES DE MARROCOS

Estes mártires, cinco franciscanos enviados a pregar em Marrocos por S. Francisco de Assis em 1219. “ Meus Filhos o Senhor disse-me que vos mande pregar a fé e a combater a lei de mafoma. Eu vou também a outras terras trabalhar na salvação dos infiéis. Sede fiéis a cumprir a vontade do Senhor. Entre vós conservai a paz, a concórdia e a caridade. Sede humildes na tribulação e imitai a Jesus Cristo na pobreza, na castidade de obediência. Ponde as vossas esperanças em Deus, Ele vos sustentara e vos guiará. Ele velará por vós. Ide em nome do Senhor”. Lá foram os obedientes frades.
O zelo da sua fé levou-os a exagerar a sua actuação por lá. Decidiram então pregar ao próprio califa e foram recebidos pelo filho do Sultão que lhes pede credenciais para poderem falar com o pai. Foram recebidos mas, mal abriram a boca, e depois de se terem declarado cristão se apelado ao califa que se converta e abandone a infame e falsa seita de Maomé, o Miramolim decidiu expatria, mandando prendê-los, lograram escapar-se e logo voltaram a pregar por toda a parte. Um dia, cruzaram-se com o Miramolim de Marrocos e, abordando o carro em que seguia, insistiram importunamente com o líder muçulmano para se converter ao Cristianismo de imediato. O Miramolim, chefe de Estado, chefe religioso e poder judicial, não cuidou de mais tolerâncias e ali mesmo os puniu e degolou por suas próprias mãos. Os restos mortais foram enviados para Portugal pelo infante D. Pedro, filho de D. Sancho I, que lá residia na altura e lhes tinha dado guarida e apoio à chegada. Estes restos mortais foram recebidos com grandes manifestações públicas de luto e de dor. Levados em procissão, foram depois sepultados na Igreja de St.ª Cruz, em Coimbra. Este incidente trágico teve o efeito de motivar St.ª António, então cónego regrante de St.ª Agostinho, a fazer-se franciscano e a dedicar-se ao apostolado e à peregrinação. Chamavam-se estes mártires Berardo de Lobio, Pedro de S. Gemianiano, Otão, Adjuto e Acúrsio. São representados vestidos de frades a serem executados pelo Miramolim.
Hoje não se daria esta cena. A Igreja é tolerante, Ecuménica e dialogante.
Fr. Cardoso, ofm

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

DECÁLOGO ECOLÓGICO FRANCISCANO



DECÁLOGO ECOLOGICO FRANCISCANO

Após o primeiro Congresso Latino-Americano sobre ECOLOGIA, foi publicado o seguinte Decálogo Franciscano:
1 – Descobrir e respeitar todo o universo como nosso horizonte vital necessário, numa relação de justiça, coma natureza e com todos os seres que nela vivem.
2- Dividir fraternalmente os bens da criação com todos os homens. Justiça, particularmente com os irmãos mais débeis, mais necessitados e desafortunados.
3- Unir todos os nossos esforços para promover a p0az universal com todas as criaturas.
4- Humanizar a natureza através da técnica, substituindo a técnica destrutiva por uma mais humanizante.
5- Proclamar e defender uma CARTA MAGNA sobre os direitos da Natureza, como realmente vivente.
6- Opor-se com todos os meios: técnicos, económicos políticos, culturais, éticos, religiosos, à destruição dada Mãe Terra e, particularmente, das espécies da flora e da fauna.
7- Renovar os ambientes contaminados: o ar, os rios, os bosques e revitalizar as zonas contaminadas.
8- Promover uma pedagogia ecológica, que ensine aos homens a arte de estar no mundo e a arte de tratar os seres e as coisas. Uma pedagogia que humanize as nossas relações.
9- Trabalhar para um sistema alternativo, que substitua o progresso quantitativo pela promoção da qualidade da vida.
10- Passar do utilitarismo cósmico para a celebração cósmica, promovendo uma cultura ecológica baseada no amor e na justiça.

(Família Franciscana)

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

ENCONTRO COM OS POBRES



(Proposta de Leitura: Legenda Maior (LM) 8, 5; Três Companheiros (TC) 3, in Fontes Franciscanas)ReflexãoNós, enquanto Irmãos Menores, somos chamados a abraçar os pobres (leprosos) e a praticar misericórdia com eles, como fez Francisco há 800 anos.Usar de misericórdia, abraçá-los, é dizer: compreender e aligeirar a infelicidade dos outros, considerando-a, em certo modo, própria. De Francisco diz-se que: “sofria com os enfermos e afligia-se com as sua tribulações” (TC 59). Abraçar os excluídos, usar com eles de misericórdia, não é um sentimento vago, mas uma relação de seres, tão profunda, que o leva a partilhar e a sentir a mesma sorte. Porque Francisco usa de misericórdia com os leprosos (pobres), vai ao seu encontro, vive com eles e a todos serve, “por Deus, com extrema delicadeza: lavava os seus corpos infectados e cura as suas feridas purulentas” (1 Cel 16).Como é possível que alguém possa fazer sua a sorte do outro, a sorte do excluído, do pobre, do leproso? Lendo as Fontes Franciscanas é fácil descobrir que a fonte de misericórdia que Francisco tem para com “todos os que estavam atribulados de qualquer doença corporal (LM 8,5), está na admiração que causa no Poverello “a misericórdia do Senhor” para com ele (1 Cel 26), e com a contínua contemplação do Senhor “cheio de misericórdia e compaixão” para com todos (Sant 5,11), o qual nos enviou-nos o Seu Filho, que “do seio de Maria tomou a carne da nossa fragilidade” (1 CtaF 1) e “suportou a paixão da cruz” (Adm 6,1).Também no nosso caso a misericórdia profunda com o outro, e não somente epidérmica, arrancará dessa experiência, que não duvido em qualificá-la de “experiência mística”, da misericórdia do Senhor para connosco. Só essa experiência transformará a própria existência, até ao ponto de fazermo-nos leprosos com os leprosos, pobres com os pobres, excluídos com os excluídos…, até ao ponto de irmos entre eles, viver com eles e servi-los, pois isso é o que significa realmente “usar de misericórdia”, “abraçá-los”.(II Congresso Internacional JPIC (2006), Abrazando a los Excluídos de hoy, pp. 10-11)ORAÇÃO DESTE DIA Ajuda-nos, Senhor, a exemplo do Pai São Francisco, a quem conduziste para entre os pobres e os leprosos, a fazermos a opção em favor dos pobres, dos oprimidos, dos atribulados e doentes, e a ousarmos, com alegria, conviver entre eles, tratando-os com misericórdia.(texto enviado por OFM – Frajuvoc)

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

FELIZ ANO 2008


Nem todas as coisas são como queremos e não podemos avaliar o ano que termina, como mau. Se tivermos fé, só precisamos de acreditar que tudo que acontece aconteceu, independente se fomos bons ou maus. A gente pode até dormir numa cama mais ou menos, comer um refeição mais ou menos, ter um transporte mais ou menos, e até ser obrigado a acreditar mais ou menos num bom ano novo ano que se aproxima.·Enfim, a gente pode olhar há nossa volta e sentir que tudo está mais ou menos bem. Mas, o que a gente não pode, é amar mais ou menos, sonhar mais ou menos, ser amigo mais ou menos, ser feliz mais ou menos, ser sincero mais ou menos, ter fé mais ou menos e acreditar mais ou menos, senão, correremos o risco de no próximo ano nos tornarmos uma pessoa mais ou menos. Logo os fogos de artifícios, as taças de champanhe se vão cruzar anunciando que o ano novo está presente e que o ano velho ficou para trás. Neste momento muitos olhos se cruzam, muitas mãos se entrelaçaram e todos, num abraço caloroso e num só pensamento irão exprimir um só desejo e uma só aspiração; paz e amor. E em especial neste dia, não importa a nação, não importa a cidade, não importa a língua, não importa a cor, a origem, não importa a classe social, porque todos irão sentir que são descendentes de um só Pai, e todos se lembraram apenas de um só verbo; amar. Lembrem-se que vivemos e morremos e independente se vive oitenta ou cem anos, nunca saberemos o segredo da vida. Por isso, neste novo ano, sem mágoas, sem rancor, sem ódio, que todos possamos viver intensamente, mas que o novo ano 2008, seja verdadeiramente cheio de Paz e Bem.·
Fr. Cardoso, ofm.

 
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