sábado, 31 de março de 2007

BARCOS RABELOS

Foram o primeiro meio de transporte na navegação do Rio Douro. Subindo e descendo o rio desde o Pinhão ao Porto. Meio de transporte muito utilizado pelos ingleses para levarem as pipas do vinho para o Porto.
A origem de tais barcos, de características mediterrânicas, chegou até aos nossos dias, através de um contínuo aperfeiçoamento, e adaptando-se às necessidades da navegação do curso difícil do rio Douro como era antes das barragens.
A vela dos Rabelos feita de linho rude, de formato quadrado e de grande dimensão e beleza parecia um amanhecer claro, com o vento e a luz do sol matinais.
Barcos conduzidos por homens, queimados pelo sol e pelos caminhos difíceis que a vida lhes impunha, marinheiros que tinham como comandante do barco um chefe a quem chamavam arrais.
Todas as peças que constituíam o barco são denominadas por vários nomes: Taburno, coqueiro, proa, espadela, mastro, pá, vara, sirga, entre outros.
Os Rabelos ao descer o rio levavam o vinho do Douro e produtos hortícolas para o Porto.
Os marinheiros, descalços e de calças arregaçadas, camisa branca arremendada e colete faziam um conjunto de trajes pitorescos, tudo reunia um sóbrio colorido que nunca mais se pode esquecer.
Os rabelos, barcos mais típicos e lindos das embarcações fluviais portuguesas, pela sua origem, pelos seus serviços, pela sua majestosa corpulência não poderão ser esquecidos tão cedo.
Hoje os rabelos passeiam no Douro como que a recordar os seus tempos de glória.

Fr. José de Jesus Cardoso, OFM.

sexta-feira, 30 de março de 2007

OH! MELRO, MEU IRMÃO


Quando de manhã estamos sós
Sozinhos a conversar
O melro perto de nós
Passa o tempo a chilrear.

Canta o melro na cerejeira,
A toutinegra no telhado;
Quando estou à sua beira,
Fica o melro alvoraçado.

Há três dias que não via
O melro que desertou
A toutinegra desesperada
P'lo melro que não voltou.

Nosso amor sempre sincero
Seja sempre a toda a hora
Que o cantar do melro espero
Ouvir pela vida fora.

Deu voos largos, com altura,
Volta à terra com tua cor de breu.
Oh! Melrinho de asa escura,
Não sei se mo mataram se morreu.


Fr. José de Jesus Cardoso, OFM

quinta-feira, 29 de março de 2007

PENAJÓIA


PENAJÓIA


“De onde és?
– Eu cá sou da Penajóia.
A espada vai na burra.
Se queres alguma coisa salta cá p’ra rua!”

Freguesia do concelho de Lamego, comarca e diocese, pertence ao distrito de Viseu e está situada na bacia hidrográfica do Douro. Penajóia, cujo padroeiro é S. Salvador, ocupa uma área de 10,3 km2 e localiza-se a cerca de 13 km da sede concelhia.
Apresenta um acentuado decréscimo populacional que se tem vindo a acentuar desde 1991 até à data, sendo que se passou de 1405 habitantes para 1247. esta situação poder-se-á dever, entre outros factores, à emigração para outros países como França, Suíça, Luxemburgo, Alemanha e Inglaterra.Várias “villas” rústicas reorganizadas na época das invasões germânicas, terão alastrado o povoamento de alguns lugares da actual freguesia. Muitas delas chegaram até a ter cartas de foro privado (Molães, Vila Chã, Pousada, Guidixe e Lagoas), o que se deverá ao facto de estarem relativamente afastadas umas das outras por razões geográficas.

Formavam, no entanto, um concelho Medieval com carta de Foral Geral assinada por D. Afonso I. Documento pelo qual se constituía o concelho, se regulava a administração e se indicava os seus limites e privilégios.Penajóia foi vila e couto com justiça própria, mas na segunda metade do séc. XIV, já não possuía regalias municipais, pertencendo à comarca de Lamego. D. Manuel concedeu-lhe foral novamente a 15 de Julho de 1514.


Toponímia:

No séc. XIII chamava-se Pena Juia, pois foi este o primeiro topónimo. Ao que tudo indica, o povoamento derivará dum Castelo (também dito Pena), cuja presença já só é testemunhada pela memória toponímica. Há quem pense que o cognome Júlia donde derivou o tal “Juya” e a “Jóia” de agora, era uma invocação romana a esta terra. Penajóia aparece em documento escrito com o nome de Pena Júlia, pela primeira vez em 1130. O nome foi posto pelos romanos a um castro então existente nesta zona, aquando da Romanização da península Ibérica, em honra do seu Imperador Júlio César. A associação do termo Pena é mais compreensível tendo em conta a abundância de sítios castrejos e fortificações acasteladas, que na Idade Média, quase invariavelmente se diziam Penas e Penelas.

CEREJAS DA PENAJÓIA



Cerejas rubras brilhantes,
A espreitar entre a folhagem,
São pinceladas vibrantes
Na verdura da paisagem.

Cerejas apetitosas
Aos olhos e ao paladar,
Tentadoras saborosas,
Quem não gosta de as trincar!

Não há brincos mais vistosos
Que despertem mais invejas,
Do que uns lindos donairosos,
Brincos rubros de cerejas.

Linda é a flor da amendoeira
No Algarve ou na Barca D'alva,
Mas à linda cerejeira
Talvez lhe não leve a palma.

O perfume e a beleza
Que da flor de ambas nos vem,
Pródiga a mãe Natureza
As cerejas deram também.

Pede-te o duplo sentido
Da vista e do paladar.
Vem, e ficarás rendido
Com vontade de voltar!

Para ver basta que queiras,
Vindo, de barco ou de tipóia
Contemplar as cerejeiras
Aos campos de Penajóia.

Fr. José de Jesus Cardoso, ofm.

 
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