domingo, 21 de dezembro de 2008

MENSAGEM DE NATAL


O Natal é o Mistério da Encarnação do Filho de Deus. Natal é recordar que Deus se fez homem para habitar entre nós. Por isso, é necessário que todos os cristãos vivam com recto sentido a riqueza desta vivência real e profunda do Natal.
Ao celebrarmos mais uma festa do nascimento de Jesus, vamos repensar as nossas vidas e assumir com seriedade o nosso compromisso de cristãos e de religiosos, no viver e do anunciar o Evangelho de Jesus.
Desejo a todos - que Jesus Menino, esteja muito presente hoje e sempre em nossas vidas e na esperança dum Mundo melhor para todos neste Natal e no Ano Novo que se aproxima.
Frei Jose de Jesus Cardoso

domingo, 7 de dezembro de 2008

VOCAÇÃO FRANCISCANA



SER FRANCISCANO

A vocação religiosa franciscana não tem como objectivo primeiro ser sacerdote, mas sim a vontade de ser franciscano, ser irmão de Francisco de Assis e do seu ideal. O ideal dos franciscanos, quer sejam eles sacerdotes ou não, é sempre o mesmo: Seguir a Cristo, segundo S. Francisco de Assis, como se diz na regra: Observar o Santo Evangelho; sem nada de próprio em obediência e castidade.
O que todos os frades têm em comum é a mesma consagração pelos votos religiosos ao serviço de Deus e aos irmãos e Regra de Vida.
Nas fraternidades, e em qualquer lugar em que os franciscanos vivam, sacerdotes e não sacerdotes, ajudam-se mutuamente e devem seguir e animar-se na mesma caminhada e conviver muito fraternamente. As suas vidas são uma vida de irmãos.
O franciscano, no serviço à Igreja e à comunidade religiosa e cristã, presta os mais diferentes serviços: uns dando aulas, outros assistindo aos doentes, outros trabalhando com o povo, catequizando, instruindo e até inseridos em movimentos de solidariedade e servindo nos trabalhos internos das suas comunidades.
Se o franciscano assume o sacerdócio, o seu serviço à Igreja será também o de párocos, pregadores e acompanharem as comunidades dentro de uma determinada diocese.
O caminho para a vocação é precedido por mais mais anos de preparação e acompanhamento por mestres que ajudam no crescimento desse ideal a robustecer o discernimento para abraçar o ideal franciscano, sendo este o começo, outras etapas se seguem por alguns anos o amadurecimento, etapas a que chamamos: Postulantado e Noviciado. Após o Noviciado, o candidato passa a chamar-se “Frei”. É durante o Noviciado que o frade se prepara para a sua consagração a Deus através de uma vida “na observância nos votos atrás referidos”. Enfim, é um tempo de vivência dos valores fundamentais da vida religiosa franciscana. Quando o candidato está preparado, e preparado pela equipa de formação faz o pedido para fazer sua profissão dos votos Evangélicos, e continua a formação permanente pela vida fora.

Fr. José Jesus Cardoso, OFM.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

O SERAFIM DO AMOR FRANCISCO DE ASSIS

FRANCISCO DE ASSIS O SERAFIM DO AMOR
No Monte Alverne, região da Toscana, onde Francisco recebeu os estigmas. Ali, dizem as fontes franciscanas que de repente, Deus tocou profundamente Francisco de Assis. Homem imitador perfeito dos caminhos do Senhor Jesus, e todo aquele que é marcado pelos caminhos desse amor. A ele é impossível não trazer essas marcas em seu corpo. Religiosamente dizemos que o anjo, o Serafim, veio e marcou o seu corpo com aquelas chagas do Amado. E para sempre o amor tomou forma num corpo. Porque o amor estava no seu coração, e o que está no coração toma conta do corpo, da vida e deixa marcas profundas. As pessoas que se amam verdadeiramente vão ficando parecidas. Às vezes observamos que, quanto mais velhos ficam nossos pais, mais se assemelham fisicamente. Quando por ali passei, naquele Alverne de amor, eu quis entender o que significavam as chagas de Francisco, naquele encontro com os meus confrades e vi o que significavam as chagas de Francisco. De acordo com a minha cultura, todas as minhas energias, o nosso potencial de amor, a nossa fonte do amor, brotavam de dentro para fora, e não de fora para dentro. Francisco explodiu, seu coração consagrou-se, fez-se tudo para todos. O coração de quem ama muito faz assim: Pluf! Salta para fora. E o coração dele abriu-se em chagas, em estigmas. Enraizado naquela terra, naquele chão que ele conhecia e pisava, seus pés ficaram marcados com as chagas do Amor.
A realidade do amor estava nas suas mãos, nos seus pés. É nas extremidades vitais que circulam as energias mais poderosas. E foi aí que o amor transbordou na vida de Francisco. Penso que, quando amamos profundamente, todas as experiências humanas e religiosas nos marcam com as marcas profundas do amor. Quem dá o coração, recebe corações. Isso eu aprendi com Francisco.

Fr. José Jesus Cardoso

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

CÃNTICO DO IRMÃO SOL

Altíssimo, onipotente, bom Senhor,Teus são o louvor, a glória, a honraE toda a benção.Só a ti, Altíssimo, são devidos;E homem algum é dignoDe te mencionar. Louvado sejas, meu Senhor,Com todas as tuas criaturas,Especialmente o Senhor Irmão Sol,Que clareia o diaE com sua luz nos alumia.E ele é belo e radianteCom grande esplendor:De ti, Altíssimo é a imagem.Louvado sejas, meu Senhor,Pela irmã Lua e as Estrelas,Que no céu formaste claras E preciosas e belas.Louvado sejas, meu Senhor,Pelo irmão Vento,Pelo ar, ou nubladoOu sereno, e todo o tempoPela qual às tuas criaturas dás sustento.Louvado sejas, meu Senhor,Pela irmã Água,Que é mui útil e humildeE preciosa e casta.Louvado sejas, meu Senhor, Pelo irmão FogoPelo qual iluminas a noiteE ele é belo e jucundoE vigoroso e forte.Louvado sejas, meu Senhor,Por nossa irmã a mãe TerraQue nos sustenta e governa, E produz frutos diversosE coloridas flores e ervas.Louvado sejas, meu Senhor,Pelos que perdoam por teu amor,E suportam enfermidades e tribulações.Bem aventurados os que sustentam a paz,Que por ti, Altíssimo, serão coroados.Louvado sejas, meu Senhor,Por nossa irmã a Morte corporal,Da qual homem algum pode escapar.Ai dos que morrerem em pecado mortal!Felizes os que ela acharConformes á tua santíssima vontade,Porque a morte segunda não lhes fará mal!Louvai e bendizei a meu Senhor,E dai-lhe graças,E servi-o com grande humildade.
S. Francisco de Assis.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

S. FRANCISCO DE ASSIS A FORÇA DE UMA VIDA



S.FRANCISCO DE ASSIS A FORÇA DUMA VIDA
S. Francisco toda a sua vida pregou Jesus Crucificado com abundância de coração, eloquência de espírito. Alguém dizia: S. Francisco é tudo: mas não foi ele que criou o mundo! Mas quem até hoje mais informado sobre a criação do mundo foi concerteza S. Francisco de Assis.
A ideia de Deus – Criador tornou-se para ele ideia forte e espírito aberto. Todos nós pensamos que conhecemos a Oração do Pai-nosso; mas há entender e entender. Francisco não exige nunca que os outros mudem. Essa exigência é só para si. È ele quem primeiro sente a necessidade de mudar. Francisco é um coração, cheio de ternura em relação aos irmãos que pecam. Ama os que lhe causam aborrecimentos. E ama-os precisamente desta maneira. Francisco quer, até ao extremo, respeita o negativo dos outros irmãos e mantém a fraternidade, apesar de todos os desapontamentos e de todas as rupturas. S. Francisco é um humilde cântico da terra que no silêncio da aurora, após uma noite de tempestade, sente passar sobre ele uma brisa de ternura.
Ele tem um coração de paz e um novo olhar para Deus, mais purificado, incutindo novas energias. Nada o impedia de avançar para a Cruz de Cristo Crucificado. Uma alma soalheira que o mais importante não era ser fundador duma instituição nem fazer vingar uma obra assinalada com a sua marca pessoal: muito mais importante era converter-se ele mesmo num verdadeiro irmão de toda a gente, irradiando a bondade do Pai.” Verdadeiramente pacíficos são aqueles que, seja o que for que neste mundo tenha de sofrer, sempre por amor de Nosso Senhor Jesus Cristo conserva em paz a alma e o corpo”.Ninguém como Francisco sentiu ou compreendeu a ideia de Deus Criador. A caridade tem a origem em Deus nosso Criador, como Francisco de Assis a entendeu. É isto que faz a sua elegância do seu espírito.
Não há nada mais encantador que as repreensões de S. Francisco a seus frades. Francisco ao chegar ao Alverne para ai celebrar a Quaresma, do Arcanjo S. Miguel, as aves vieram para lhe dar as boas vindas. Ora esta amizade com os passarinhos dá para ver quanto vale a sua confiança na natureza. Mas entre as aves, S. Francisco encontrou até ao final da sua vida um amigo e companheiro o seu Falcão, que estava fazendo o seu ninho nutrindo tal afeição por ele, que todas as noites o avisavam, com o seu cântico à hora de rezar.
Aqui temos Francisco de Assis como modelo para apaixonar a humanidade.
Fr. José Jesus Cardoso, OFM.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

CONHEÇA PENAJÓIA



CONHEÇA PENAJÓIA

Vamos até S. Geão, uma das mais notáveis aldeias da Penajóia, cujo nome deve ser de um cristão dos primórdios do Cristianismo. É, talvez, o povo maior da freguesia hoje. Tem 69 casa habitada e 222 habitantes. Fica assente numa linda e pitoresca encosta, que sobe do Rio Douro, à entrada da freguesia para quem chega de Lamego.
Há sua frente, tem a majestosa Capela de Nossa Senhora da Encarnação, que num ambiente tão cristão vigia pelas almas ali sepultadas e com o seu pequeno sino tange, chamando os homens à oração.
Junto à estrada tem um café e estabelecimento de mercearias. Tem uma fonte antiga com a data de 1855 e a seus pés foi construída a Adega Cooperativa de Penajóia e uma das Escolas da freguesia e ainda um Jardim Infantil, localizado no meio da povoação.
Na sua retaguarda, continua o prolongamento de uma pinha de casas, na sua maior parte casas modestas e outras de rara beleza arquitectónica mente popular, produzindo ao longe um efeito encantador.
Foi aqui que existiu a primeira Escola Primária, 1861, que por revalidardes foi para Molães, lugar central da freguesia, tendo mais tarde Geão conseguido uma só para si.
Neste povo de S. Geão, houve, em tempos antigos, uma mulher tão rica que, no testamento, mandou que se dissessem por sua alma treze mil missas, segundo conta o Dr. Pedro Augusto Ferreira.
Aqui nasceu Frei Manuel Pinto Coelho, religioso franciscano em Leça da Palmeira e ali professor de Latim. Quando as Ordens Religiosas foram extintas de Portugal, veio viver para S. Geão, onde também ensinava Latim. Na Régua ensinou Latim e Português e diz Pedro Augusto Ferreira, seu aluno, que sabia razoavelmente Francês e Grego, tendo-lhe ensinado Latim e Grego.
Não há muito, havia em Geão, um homem de nome José Carvalho, afinador de harmónios e concertinas, homem de bom humor, mas artista na sua profissão.
Os homens deste lugar tinham fama de valentões; quem por ali passasse, que não provoca-se ninguém, porque no regresso tinha de procurar outro caminho.
Penajóia, antes de produzir vinho e cerejas, tinha muitas searas, prados e lameiros, onde se produziam boas hortaliças e boa erva, que era depois vendida em grandes quantidades. “ Só no lugar de S. Geão, perto de 40 mulheres”se empregavam exclusivamente em cegar erva e ir vendê-la à Régua.
Hoje S. Geão, produz vinho, azeite, cerejas outras frutas e castanheiros e a Quinta da Capela pertenceu à família dos Alpoins da Rede.
Fr. José de Jesus Cardoso
(Ecos Penajóia -1993).

domingo, 20 de julho de 2008

CONHEÇA PENAJOIA

VALCLARO – PENAJÓIA
Este lugar fica situado no extremo sul e oeste da freguesia, no meio da encosta entre o Rio Douro e a estrada de Lamego Resende. Entende-se por VALCLRO uma vasta zona desde Lagoas a Ferreiros, do Rego ao Penedo, e da Mata ao lugar d’Além, com as Pocinhas, Extremadouro e Portela.
Está voltada para Mesão-Frio, na outra margem do Douro.
Este lugar já em 1755 tinha tinta e sete fogos. Das suas casas de construção segura e tipicamente popular, harmoniosa e de janelas voltadas para o rio Douro, desfruta-se uma paisagem deslumbrante de tons verdes, do tom das vinhas e do arvoredo que as envolvem.
São casas queimadas pelo sol, que escondem algumas vidas queimadas de mágoas. Em cada habitante mora um pedaço do povo, que tem um pouco da vida de cada um.
Nas varandas há vasos com diferentes flores. Aqui e ali, crianças que brincam todo o dia. As galinhas, à solta correm desvairadas pelos caminhos perseguidas pelos cães.
Neste lugar há uma Quinta a do Extremadouro, com casa solarenga, que foi pertença do Visconde de Valmor. Fica em sítio alegre, vistoso e fértil.
A grande aposta do povo insiste na reanimação da vida tradicional, mostrando essa face oculta que sobrevive ainda, à custa de alguns anciãos, dando à aldeia a dignidade que merece.
Tem este lugar uma capela dedicada a Nossa Senhora da Piedade, que, segundo os antigos, foi trazida da Quinta do Extremadouro para o lugar actual. Serve de lugar de culto para os cristãos da zona e na porta lateral está a data de 1883, que faz história e refere a data em que foi transferida para ali.
A imagem de Nossa Senhora da Piedade é muito linda e de estilo barroco.
Tem Escola Primária e algumas Quintas.
O povo trabalha os campos e dai consegue o sustento para o agregado familiar. Com o seu esforço vão conseguindo boa qualidade de fruta. E bem pode dizer-se que a gente de Valclaro faz do seu trabalho um hino à beleza da sua terra.
Fr. Jose de Jesus Cardoso,ofm.

CONHEÇA PENAJÓIA

TORRE é um lugar da Penajóia, mas não se sabe a razão por que lhe deram o nome de Torre. Talvez houvesse aqui, em tempos remotos, alguma torre, sem que hoje dela existam vestígios.
As suas casas são de construção simples e de robusta solidez. É um lugar pequeno, mas bonito, bem situado e descobrindo-se daqui um vasto horizonte, desde Quintela até às alturas de Vila Real, S. Domingos de Queimada e muitas outras povoações do vale e encostas do Rio Douro. È povoação cruzada por caminhos antigos e, ai, o nosso olhar vê a paisagem quente de uma Penajóia de vinhas e cerejeiras.
Na Torre há umas alminhas, memória levantada com o fim de pedir aos viandantes, aos romeiros, uma oração pelas almas dos “irmãos” mortos e caídos no Purgatório, esperando a subida ao Paraíso, como os azulejos recordam.
Neste lugar houve, em tempos, alguns rebanhos. Eu ainda me recordo do último que lá existiu.
A sua gente é simples, sem grandes ambições, mas a vida obriga-os a um trabalho próprio da região e de cada época do ano.
Este lugar, em princípios de 1800, foi indicado para fornecimento de carne à população da Penajóia. O proprietário do açougue, sem escrúpulos, procurava roubar no peso feito aos fregueses e só fornecia a carne nos dias que ele muito bem entendia, fora dos marcados pela Lei.
O povo, indignado com tal procedimento, fez chegar o seu desagrado às autoridades de Lamego em 29 de Junho de 1825, pela voz do seu procurador, P. Joaquim Cardozo. Assim, no dia 6 de Julho daquele ano, foi presente à Câmara, a sua balança para ser aferida. A Câmara ao constatar o incorrecto procedimento do comerciante do açougue condenou-o na quantia de dezoito mil reis, pagos na cadeia na forma da lei da época. Creio que lhe serviu de lição.
Este lugar, perto da estrada, sobe aos altos, devagarinho para que o espírito se sinta estimulado e dê asas à imaginação.
A Torre tem 25 famílias e 77 habitantes, contadas umas famílias que vivem por cima do caminho.
Não tem estabelecimentos, abastecendo-se em S. Geão e Poça d’Alva ou nos ambulantes que percorrem Penajóia inteira. Com o calcetamento do caminho, alguns carros já entram e saem por ambos os lados, seja da Estrada 222, seja por S. Geão. Aqui funcionou muitos anos uma escola Primária. Tem um fontenário simples e espera novos melhoramentos.
Frei José de Jesus Cardoso

sábado, 19 de julho de 2008

RIBEIRO - PENAJOIA



RIBEIRO – PENAJOIA
Ribeiro é um pequeno lugar da Penajóia. Geograficamente bem situado, um pouco escondido na encosta que vem subindo do rio Douro e de onde se avista uma linda paisagem. Mesmo em frente, fica a Serra do Marão e, mais a baixo, e mais a baixo a freguesia de Cidadelhe, na outra margem do rio. Lugar muito antigo. Não se sabe a origem do seu nome.
As casas deste lugar são típicas, de construção popular, com a excepção de uma ou outra que sofre no seu erguer a doença do “ modernismo “.
As suas gentes vivem particularmente da agricultura, mas há gente na construção civil e empregados, serralharia, etc. É servida por rede eléctrica, mas não tem ainda saneamento básico. Os seus caminhos, feitos de pedra negra, são bastantes irregulares. Eles cortam a povoação, em volta das vinhas, numa beleza aprimorada. Os bardos de cepas já velhas e retorcidas pelos anos dão excelentes uvas e produzem bom vinho. Também aqui não falta os melros, esvoaçando e chilreando as suas alegres melodias.
Aqui viveu, no principio do século passado, António Correia de Magalhães, ilustre professor de latim, que deixou fama à custa de palmatoadas e puxadelas de orelhas. Ensinou muitos discípulos que foram homens importantes não só na freguesia, mas também por outros sítios, mesmo em África e nas Américas.
Numa aldeia tão pequena, os vizinhos tornam-se família, acudindo-se sempre, tanto nas horas amargas como nas felizes. É gente de bons costumes e de boas tradições. Ainda me lembro de ai ter vivido um senhor, de alcunha “Zé Penchorro”. Era o barbeiro deste povo. Fui lá cortar o cabelo algumas vezes, ai por 1952-53. Bom homem ainda me lembra como se fosse hoje. Pelo corte de cabelo pagava o cliente um escudo.
Que vida e que tempo, meu Deus!...
Lembro-me de algumas famílias generosas, que partilhavam um bocado de broa de milho, além das couves para fazer um caldo,. Belas couves, plantadas nas hortas, à beira das casas.
Quando se chega à casa dos cinquenta, a meninice volta a fazer-nos lembrar a nossa infância. E as melhores testemunhas do que escrevo são os homens do Ribeiro que, hoje, têm mais de quarenta e cinco anos.
Frei Jose Jesus Cardoso,ofm.

sábado, 31 de maio de 2008

AOS MEUS PAIS


“HOMENAGEM PÓSTUMA”
AOS MEUS PAIS



A vida, é uma constante caminhada
Onde nunca, se alcança a perfeição
Por mais perfeitos, que queiramos ser
Curta ou longa, a vida, é desejada
E enquanto, for batendo o coração
Teremos uma vida por viver

É bom, quando se vive em humildade
É bom, quando se vive em doação
Uma vida de paz, calma e serena
Para que um dia, então, na Eternidade
Possamos, sentir a consolação
De que, viver assim, valeu a pena

Por estas vidas dedicadas
Com zelo e amor, aos seus filhos
Nós, reconhecemos seu valor
Estando sempre prontos, p’ra chamada
Pois além, de um grande coração
Em tudo quanto fazias, foi com amor.

A minha gratidão pela vossa amizade, pelo vosso testemunho de simplicidade, de alegria e de paz, que a todos transmitiam e que ficarão para sempre guardados, nos nossos corações. Bem-haja.
Os filhos: Manuel, António Carlos, Zé, Maria e Ana Maria.
Fr. José de Jesus Cardoso

segunda-feira, 26 de maio de 2008

AMIGOS DE FRANCISCO



Os Companheiros de São Francisco
Francisco iniciou a sua missão espiritual, sozinho, explorando o seu Eu interno, e buscando as respostas para aquele sentimento que lhe vinha do fundo da alma. Criou uma rotina que consistia nos trabalhos de reconstrução de S. Damião (e mais tarde, Porciúncula e S. Pedro) na visita à leprosaria para cuidar carinhosamente dos seus leprosos, o peditório de comida para seu sustento à porta das casas de Assis e ainda horas de retiro nas grutas do Monte Subásio para oração e meditação.
Mas Deus tinha algo de grandioso para lhe confiar e, para isso Francisco necessitava de ajuda. A sua vida espiritual não se podia resumir a abraçar a humildade, a longas horas de comunhão com Deus e à prática da caridade. Devia sair pelo mundo anunciando a sua alegria e a sua mensagem de Amor e Humildade. O primeiro a dirigir-se a Francisco com o intuito de o seguir foi Bernardo, mas logo outros o seguiram. Francisco nunca procurou angariar seguidores. Antes, eram estes que em observação do seu exemplo e dos seus discursos na igreja de S. Rufino ou em qualquer praça pública sentiam o impulso e decidiam abandonar a sua vida material e entregar-se à vida de rigorosa humildade e espiritualidade defendida por Francisco de Assis.
Milhares o fizeram. Alguns não aguentaram a dureza da prova - traduzida em sacrifício físico, fome, cansaço, frio e humilhação pública - e acabaram por desistir. Mas muitos mais foram os que seguiram Francisco até ao final dos seus dias e perpetuaram a sua herança espiritual até aos dias de hoje.
Quando o grupo chegou a 12 irmãos, São Francisco decidiu ir até Roma e pedir ao Papa autorização para viverem a forma mais pura do Evangelho, conforme o desejo e a escolha que fizeram. O Papa achou que seria muito duro para ele esse modo de vida, porém deu permissão e também autorizou que eles pudessem pregar. Durante esse período de visita, o Papa teve um sinal profético e reconheceu em Francisco, o homem que em seu sonho segurava a Igreja como uma coluna. Muitos outros Irmãos foram se juntando ao grupo, desejando viver conforme Francisco. Os frades fizeram suas habitações em choupanas ao redor da Igrejinha da Porciúncula. Dividiam as actividades entre oração, ajuda aos pobres, cuidados aos leprosos, e pregações nas cidades, também se dedicavam às actividades missionárias, indo 2 a 2 até lugares distantes; eram alegres, pacíficos e amigos dos pobres.Uma grande preciosidade para Francisco e a Ordem dos Frades Menores veio de uma jovem, de família nobre de Assis, chamada
Clara. Ela procurou Francisco pedindo para viver o mesmo modo de vida, segundo o Evangelho. Elaajustou o modo de vida dos Frades, para mulheres e recebeu, por sua vez, muitas companheiras de conversão.
Muitos Cristãos ouvindo Francisco de Assis, decidiram seguir o seu exemplo e ensinamento, alguns pediam conselhos, e Francisco dava orientações conforme o estado de vida de cada um.
o.f.m.

PENAJÓIA - MOLEDO

PENAJÓIA – MOLEDO
O Lugar do Moledo, é célebre pela sua antiguidade. Fica no fundo da Serra do Vilar e sobre a margem esquerda do Douro. Por ela passava a antiga estrada que seguia para Lamego por Santiago e para Mesão-Frio, na outra margem do rio.
A Rainha D. Mafalda, esposa de D. Afonso Henriques, mando erguer no lugar do Moledo uma capela, uma Albergaria ou Hospital com botica, tudo gratuito, para pobres e ricos. Havia uma barca de passagem, chamada do Moledo ou de “por Deus”, por ser também gratuita para todos.
Nos princípios do século XIX, ainda a Barca, a Albergaria e a Capela do Moledo tinham um Juiz, que era eleito e nomeado pelo Senado de Lamego. A barca já não era “Por Deus”, mas “ por dinheiro” e ficou assim, a pertencer à Câmara de Lamego a administração das barcas do Moledo, Carvalho e Bagaúste, por Portaria do Ministério do Reino, em 1843. A partir daqui se estabeleceram regulamentos. As barcas não podiam ter menos de setenta palmos de “de ôca de ré à ôca d’avante”, e a tripulação, em “rio alto”não teria menos de seis homens e em “rio baixo”3. O barqueiro era obrigado a passar os utentes desde o romper do dia até ao fechar da noite; e aos militares em serviço e aos correios, a toda a hora. Fixou-se, nessa altura, uma tabela de preços das passagens: por pessoa dez réis; por cavalgadura carregada ou descarregadas vinte réis, por carro de bois e carga, ou sem ela cem réis.
Por cinquenta centavos ainda eu passei na barca do Moledo e, como eu, muita gente que ainda vive. E quanto eu gostaria de ver os Barcos Rebelos, com as grandes velas cheias de vento e homens em ceroulas no alto da caranguejola, subindo as águas do Douro! Estes barcos que foram impedidos pelas barragens.
O Hospital ou Albergaria é de propriedade particular. A Capela é pública e melhor que algumas Igrejas. No seu frete, tem as armas dos Reis de Portugal, como protesto permanente contra quem acabou com tão santa instituição – no dizer de Pedro Augusto Ferreira, nosso conterrâneo do século passado, de que tanto se falou aqui. Tem este lugar algumas casa de beleza arquitectónica em ruínas que foram pertença do Dr. João Cardoso Ferraz de Miranda, oficial distinto da Secretaria dos Negócios do Reino.
Neste lugar nasceu Frei José de Penajóia, Franciscano, ex-leitor de Teologia e que foi Provincial dos Franciscanos na Província da Soledade entre 1783 a 1786, embora pouco se saiba acerca desta figura da Ordem Franciscana.
Existiu nesta povoação a família dos Camellos, tristemente célebre pelos excessos de toda a ordem que praticavam, ferindo, matando e roubando. O último dos irmãos, João Camello, não era assaltante, mas não era melhor que os outros irmãos. Deu muita pancada, tiros e facadas, quase sempre por motivos insignificantes ou agravos imaginários.
Esta aldeia, rica de tradições, é muito conhecida pela barca; rio e paisagem entram na nossa alma, não como paisagem, mas como sentimento.
As casas velhas têm os degraus de pedra voltados para o rio, onde vinham apanhar os peixes presos pelas guelras. A vida do Moledo è feita de pequenos nadas, mas a todos encanta com o ar que lá se respira.

Frei Jose Jesus Cardoso, OFM.



domingo, 25 de maio de 2008

POUSADA - PENAJÓIA



POUSADA - LUGAR DE PENAJOIA

Pousada é uma bonita povoação, bem situada, na encosta da margem esquerda do Rio Douro e muito próxima da estrada Lamego-Resende.
É pequena e pouco ou nada se sabe das suas origens. As casas são de traço tradicional, sobressaindo a casa da Família Montenegro, conhecida por casa de pousada.
Ali se conserva ainda a que foi pertença do Comendador Francisco de Magalhães da Fonseca, pertença também da Família Montenegro.
Em tempos não muito recuados, houve neste local uma pequena central eléctrica, que distribuía a energia ao lugar e outros vizinhos.
Recordo que, no meu tempo de rapaz, existiu neste lugar um senhor, já falecido, que tinha um grande rebanho de cabras, de cujo leite se fazia o célebre queijinho da terra. Era homem forte, rijo como a montanha, com um bigode soberbo.
Havia e há ainda, nesta povoação, um lagar de azeite.
Pousada é um lugar pitoresco, um pequeno cantinho no conjunto da Penajóia.
Difícil de definir, Chamam alguns Pousada a casa à beira da estrada, outros ao conjunto de 4 ou 5 mais abaixo.
À sua volta ficam a Cruz, Pinheiro, Corujais, Palheiros. Poça d’Alva mais perto da estrada, a Mó, do outro lado e mais perto da Adega. Um conjunto de pequenos lugares, que se dividem religiosamente por Molães e S. Geão, com a Escola de S. Geão, um estabelecimento na estrada onde se abastecem, indo alguns a S.Geão e outros a Molães, conforme os gostos e amizades.
Ali se situa a Casa do Barão, célebre desde há muitos anos, pois um dos seus membros foi dos primeiros industriais de camionagem, com carreiras para Lamego. Hoje mora ali um industrial de Terraplanagens, Integrado pelo casamento na família Barão.

Fr. José de Jesus Cardoso, ofm.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Fátima: altar do mundo

domingo, 11 de maio de 2008

CORUJAIS - PENAJÓIA



CONHEÇA PENAJÓIA

Corujais é uma povoação pequena, mas muito bonita e fertilíssima.
Fica na encosta da margem esquerda do Douro, como toda a Penajóia, e ao lado poente da povoação dos Palheiros.
Está rodeada de vinhas, árvores de fruto e pequenos campos de cultivo.
As casas são de construção robusta e popular, condizendo com a paisagem.
Os principais meios de comunicação são caminhos largos, empedrados, mas tem outros carreiros de terra batida. Não tem qualquer comércio e as pessoas vivem da vinha e da fruticultura.
Os campos são trabalhados pelo pulso do homem, com a enxada, o ferro e a pá, se for preciso.
Aqui, como noutros lugares da freguesia, verifica-se a falta de saneamento básico; água canalizada é de conta dos proprietários, os telefones são particulares e a electricidade existe por ali.
Daqui se avista uma linda paisagem, vendo-se ao fundo, o parque das Caldas do Moledo.
A bordejar os terrenos deste povo há muitas cerejeiras, que na Primavera nos dão a imagem de um jardim e a esperança das boas cerejas da Penajóia. Os residentes vivem alegres, na sua convivência com a natureza.
Qual o futuro de Corujais?
Se lhes derem condições de vida, com uma estrada e outras infra-estruturas necessárias, pode aguentar-se, caso contrário, Corujais e outros povos de Penajóia serão a médio ou longo prazo povos para desaparecer.
Frei Jose Jesus cardoso, OFM.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Lugares de Penajóia

CODORNEIRO
Pequeno lugar da freguesia da Penajóia, o Codorneiro tem 12 fogos, de pouco valor arquitectónico no con­texto da Arte.
Existiu aqui uma pequena indústria de calçado próprio para os trabalhadores do campo a que chamavam "socos ou tamancos". Hoje, vive-se quase exclusivamente da agricultura e da fruticultura.
Numa casa que hoje pertence aos herdeiros de António Moura Guedes (Taveira), e hoje Casa de Turismo Rural. Faleceu por volta de 1844 um tio do antigo dono, António Rodrigues França, conhecido por Frei Bernardo do Moledo (por ser o Moledo povo vizinho e mais conhecido), que foi o homem mais temido e respeitado em todas as freguesias circunvizinhas e de algumas léguas em redor. Soube, por isso, granjear, como poucos, fama de grande valentão e teve a felicidade, rara em homens desta têmpera, de morrer tranquilo em sua casa.
Nunca matou ninguém, mas pessoa alguma o provocava ou desconside­rava.
Quase em frente das suas janelas, era o ponto da Sermenha. Barco que subisse tinha obrigação (por antigo privilégio da família do frade) de lhe pagar 1.000 réis por cada corda (sirga) que ali pousasse em terra.
Tal era o prestígio de Frei. Bernardo que, sendo os arrais e barqueiros do Alto Douro, em regra, valentões e tur­bulentos, nunca houve um só que se opusesse a este tributo, há muitos anos extinto por lei de 16 de Maio de 1832.
Frei Bernardo vivia em casa de familiares, por nesta altura se ter dado a exclaustração das Ordens Religiosas. Sempre que necessário, ele próprio e um seu criado, adrede as obrigavam à força de pancadaria os barqueiros a pagar o que considerava ser-lhe devido. Hoje já não existe o ponto da Sermenha por causa da barragens e a barca por – Deus, também não. Ainda há muita gente viva que se lembra dos barcos rabelos e dos arrais. E ainda hoje, este povo se não livra da fama de conflituoso. Hoje a estrada ribeirinha passa-lhe
. aos pés e o contacto com o resto da Penajóia, com a Régua, Lamego, Resende, etc., tornou-se mais fácil e a convivência mais forte. Possibilitou também o aparecimento de comercian­tes de fruta e de um industrial de construção civil.
Tem realmente doze famílias, se contarmos o Lenço, ali pertinho, e 42 pessoas. Sem Escola, suas crianças vão à Escola de S.Geão; tem a Rede à mão do outro lado do rio, a Régua e Molães para o seu abastecimento, além dos ambulantes a quem a estrada facilitou a vida. Frequentam a Missa de Molães, na generalidade.
A fruta e a vinha constituem a sua base agrícola, estando situada entre as Quintas do Lenço, de Penim e de Santa Clara.
Precisava dos seus caminhos compostos, de água e saneamento.

Fr. Jose Jesus Cardoso,ofm.

UMA PENAJÓIA MAIS JUSTA E MAIS PRÓSPERA

Texto, enviado por um assinante do nosso Jornal, demonstra interesse e atenção pelas realidades da nossa Terra.
Ao longo de várias linhas - como diz – desabafa falando sobre o que vê e sente no seu desenvolvimento actual e o que
gostaria de ver desenvolvido para o bem estar das suas gentes. Transcrevemos o texto que nos parece oportuno para
que os nossos assinantes e penajoienses também reflictam e se debrucem sobre o que queremos e pretendemos para o
Crescimento permanente da nossa Terra. E agradecemos o envio do presente texto.
"Sou um vosso conterrâneo residente em Lisboa há 49 anos. Sempre estive ligado às notícias da Terra por visita pessoal e porque sou assinante do vosso Jornal. Quero dar os parabéns a todos os seus colaboradores pela forma como escrevem e divulgam
o nome da nossa Terra: Penajóia.
Ao longo dos anos ouviu-se falar de diversos "melhoramentos"para a freguesia, como por exemplo : saneamento, água ao domicílio, estradas, etc. Tudo isto é muito importante mas tem andado tão devagarinho... ao ponto de algumas zonas nem terem saneamento porque continuam a fazer fossas, ora fechadas ora a céu aberto, e a verterem para os campos.. .
Águas... Algumas pessoas já a têm em casa, outras porque
a "meteram "noutros tempos comprando
Nascentes no monte, outros... bem, outros continuam a
fazer a "vida de outros tempos"...ou vão à fonte com cântaro ou pedem ao vizinho que lho deixe encher.
Em relação às estradas, de facto, "melhorou "muito com a abertura de algumas e agora a estrada Molães Santíssimo Salvador, assim como para a zona do Ribeiro.
A tudo isto se chama desenvolvimento. O bem-estar das pessoas é fundamental para que se fixem na sua própria Terra. A falta desse bem estar leva ao êxodo e é por isso que algumas zonas começam a ficar desertas como por exemplo o lugar da Mata, alguns pontos de Valc1aro, Ribeira e com certeza outros mais.
Que pena as coisas virem tão tarde e tão devagarinho... Tudo isto deveria ter sido feito há vinte ou trinta anos, mas como diz o ditado "vale mais tarde do que nunca."
Tenho a dizer e louvo o desenvolvimento das mentalidades, em especial das gentes da Pena jóia que já vão dando um pedaço de terra para isto e para aquilo. Meus Senhores, há alguns anos atrás eram impensável uma pessoa dar um palmo de terra!
Mesmo com este visível desenvolvimento, na minha opinião, Pena jóia, ainda está um pouco aquém de algumas freguesias limítrofes.
Ainda assim e por tudo isto Louvo o esforço desenvolvido pelas pessoas responsáveis, considerando que nesta vida nada é fácil, mas apelo para que façam da Penajóia uma Terra mais justa e mais próspera, com gentes mais felizes. Para sofrer já bastou no tempo dos nossos pais.
Nesta mensagem ou desabafo como lhe queiram chamar ainda me quero referir às placas sinalizadoras.
Penajóia tem excelentes referências para se divulgar o seu nome. Fazer um pouco de publicidade dos produtos da Terra, em muros devidamente preparados, em lugares com bastante visibilidade que existem muitos, adaptando placas para o efeito, embora com moderação, é algo para ponderar.
Exemplos: Penajóia Terra da boa cereja
Penajóia Terra do bom vinho
António Matias Coelho.
ECOS DE PENAJÓIA / ABRIL DE 2008.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

CONHEÇA A PENAJOIA

PORTELA DO MEIO
O lugar da Portela do Meio fica na encosta que sobe do rio Douro e ao cimo da Quinta de Penim, o que faz da Portela um precioso quadro emoldu­rado de verde.
Nos finais do século XVII, havia na freguesia a Portela de Valclaro e a Portela de S. Gião. Mais tarde, criou­-se a Portela do Meio. Hoje existem a de Valclaro e a do Meio e desapareceu a de S. Gião.
É um pequeno lugarejo, como tan­tos outros lugares da Penajóia, coberta por um vasto manto de vinhe­dos em socalcos e de casas espa­lhadas ao redor dos caminhos e de becos cheios de escadinhas, estendendo-se até à Estrada Nacional cheia de curvas, onde se descobre o encanto da paisagem e a cor das povoações que trepam pela encosta acima, deixando espantado quem as admira. Deste lugar se podem avistar as freguesias de Oliveira e Cidadelhe, na outra margem do rio Douro.
Este lugar da Portela não tem indústrias. Existiu, em tempos, que eu me recordo uma oficina de consertar calçado e uma barbearia, Já lá vão umas boas décadas!... Agora, vivem da agricultura e seus derivados.
Neste lugar vivi os meus verdes anos, numa velha casa, que era pertença de um tio do meu falecido pai. Ainda me lembro! Aqui existiam duas piedosas senhoras, também já falecidas, que eram benfeitoras dos pobrezinhos.
São recordações de infância e quem às não tem!...
É um lugarejo que vê passar ao longe o progresso sem perder as suas características e os valores do ver­dadeiro cristianismo. É gente que vive agarrada ao passado, às tradições e aos costumes.
Afinal é um povo antigo, esquecido pelas autoridades e pelos homens do dinheiro.
Fr. Jose Jesus Cardoso, OFM.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Oração da Paz

sexta-feira, 4 de abril de 2008

A FÉ É A NOSSA FORÇA

A FÉ
A fé nasce como dom de Deus. A fé é operante na sua graça. Se olharmos a Igreja, lugar onde a salvação faz história. Sem caridade a Igreja não vive a fé. As comunidades religiosas, devem viver este projecto. Os franciscanos não fogem a esta comunhão de fé. Cristo existe como comunidade e torna-se sempre presente na sua Igreja.
O amor de Jesus, cria em nós o lugar da presença de Deus. Os grandes momentos que a Igreja cria nos espaços e actos religiosos, o bom relacionamento. Não somos nós os homens que devíamos transformar o mundo? As comunidades religiosas, podem transformar o mundo se elas se transformarem naquilo que o mundo gosta de as ver, sendo o carisma franciscano muito apreciado pelo povo. Uma comunidade religiosa com fé, deve amar o espírito do fundador e da Igreja. S. Francisco de Assis, foi com Cristo crucificado o ponto alto da fé. Ele tornou-se comunhão através de Cristo crucificado. Quando uma comunidade franciscana morre do homem velho e vive este momento encontrando o amor ao irmão para todos abraçar.
A nossa função é viver a fé do Cristo crucificado. Aqui é que se encontra a salvação. Se tivéssemos fé não pecávamos. Sabem porque pecamos? Porque estamos vazios de fé, e é preciso encher o vazio com qualquer coisa! Mesmo com pecados. Se enchêssemos o vazio com o amor de Deus, já não pecaríamos.

Frei Jose de Jesus cardoso,ofm.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Cecilia Meireles



CECÍLIA MEIRELES: ETERNA POETISA
Filha de Carlos Alberto de Carvalho Meireles, funcionário público, e de D. Matilde Benevides Meireles, professora municipal, Cecília Benevides de Carvalho Meireles nasceu em 7 de novembro de 1901, na Tijuca, Rio de Janeiro. Foi a única sobrevivente dos quatros filhos do casal. O pai faleceu três meses antes do seu nascimento, e sua mãe quando ainda não tinha três anos. Criou-a, a partir de então, sua avó D. Jacinta Garcia Benevides.
Escreveria mais tarde: Sua infância de menina sozinha deu-lhe duas coisas que parecem negativas, e que ela as transformou em positivas, silêncio e solidão. Em 1910, na Escola Estácio de Sá, ocasião em que recebe de Olavo Bilac, Inspetor Escolar do Rio de Janeiro, medalha de ouro por ter feito todo o curso com distinção e louvor. Diplomando-se no Curso Normal do Instituto de Educação do Rio de Janeiro, em 1917, passa a exercer o magistério primário em escolas oficiais do antigo Distrito Federal. Dois anos depois, em 1919, publica seu primeiro livro de poesias, Espectro. Seguiram-se "Nunca mais... e Poema dos Poemas", em 1923, e "Baladas para El-Rei, em 1925.
Casa-se, em 1922, com o pintor português Fernando Correia Dias, com quem tem três filhas: Maria Elvira, Maria Mathilde e Maria Fernanda, esta última artista teatral consagrada. Suas filhas lhe dão cinco netos. Publica, em Lisboa - Portugal, o ensaio O Espírito Vitorioso, uma apologia do Simbolismo. Correia Dias suicida-se em 1935. Cecília casa-se novamente, em 1940, com o professor e engenheiro agrônomo Heitor Vinícius da Silveira Grilo. De 1930 a 1931, mantém no Diário de Notícias uma página diária sobre problemas de educação. Em 1934, organiza a primeira biblioteca infantil do Rio de Janeiro, ao dirigir o Centro Infantil, que funcionou durante quatro anos no antigo Pavilhão Mourisco, no bairro de Botafogo. De 1935 a 1938, leciona Literatura Luso-Brasileira e de Técnica e Crítica Literária, na Universidade do Distrito Federal (hoje UFRJ). Batuque, Samba e Macumba, com ilustrações de sua autoria, foi publicado também em Portugal. No ano de 1939 publicou Olhinhos de Gato, na Revsita Ocidente. Aposenta-se em 1951 como diretora de escola, porém continua a trabalhar, como produtora e redatora de programas culturais, na Rádio Ministério da Educação, no Rio de Janeiro (RJ). Em 1952, torna-se Oficial da Ordem de Mérito do Chile, honraria concedida pelo país vizinho. Em Délhi, Índia, no ano de 1953, é agraciada com o título de Doutora Honoris Causa da Universidade de Délhí. Recebe o Prêmio de Tradução/Teatro, concedido pela Associação Paulista de Críticos de Arte, em 1962. Seu nome é dado à Escola Municipal de Primeiro Grau, no bairro de Cangaíba, São Paulo (SP), em 1963. Falece no Rio de Janeiro a 9 de novembro de 1964, sendo-lhe prestadas grandes homenagens públicas. Seu corpo é velado no Ministério da Educação e Cultura. Recebe, ainda em 1964, o Prêmio Jabuti de Poesia, pelo livro "Solombra", concedido pela Câmara Brasileira do Livro. Ainda em 1964, é inaugurada a Biblioteca Cecília Meireles em Valparaiso, Chile. Em 1965, é agraciada com o Prêmio Machado de Assis, pelo conjunto de sua obra, concedido pela Academia Brasileira de Letras. O Governo do então Estado da Guanabara denomina Sala Cecília Meireles o grande salão de concertos e conferências do Largo da Lapa, na cidade do Rio de Janeiro. Em São Paulo (SP), torna-se nome de rua no Jardim Japão entre outros. Sua poesia, traduzida para o espanhol, francês, italiano, inglês, alemão, húngaro, hindu e urdu, e musicada por Alceu Bocchino, Luis Cosme, Letícia Figueiredo, Ênio Freitas, Camargo Guarnieri, Francisco Mingnone, Lamartine Babo, Bacharat, Norman Frazer, Ernest Widma e Fagner. [Reportagem de F. Martins publicada na versão impressa de http://www.jornalnovastecnicas.com.br/ de dezembro de 2006]

segunda-feira, 31 de março de 2008

CONHEÇA PENAJOIA

VILA CHÃ
É um lugar da Penajóia, que fica da parte de cima da estrada Lamego­ Resende. Passa-lhe pelo meio a estrada camarária que sobe de Mon­dim à Igreja Velha. Situa-se muito perto do Castelo, a grande rocha de lendas e tradições.
O nome de Vila Chã possivelmente vem do tempo dos Romanos, que teriam descido de Guediche para um sítio mais plano. Vila Chã quer mesmo dizer «VILA PLANA», mesmo que, como é o caso, não se trate de nenhuma planície, uma vez que toda a Penajóia se situa numa encosta. Poucos vestígios se podem encontrar dos tempos antigos, mas em Guediche aparecem as tégulas (telhas ou tijolos) próprias dos Romanos. A História regista a descida de vários povos do cimo das montanhas para um lugar mais baixo, sabendo-se que uma invasão de formigas atingiu os lugares altos das povoações.
Em 1527, este lugar tinha apenas 20 moradores. Dizem os livros antigos que teve duas capelas, uma dedicada a Nossa Senhora da Conceição, que já não existe, e outra dedicada a Santo António dos Milagres; onde ainda se encontram as imagens do Santo e de Nossa Senhora da Conceição, que veio da Sua Capela.
Mesmo ao lado da Capela actual, fica um dos três cemitérios da freguesia, construído já no século XX. A Capela de Santo António é bonita, está bem conservada e está aberta ao culto.
Em Vila Chã encontram-se dois nichos de Alminhas, mas um deles está encravado no cunhal de uma habitação e tem uma pintura em chapa. Ficava ao lado do caminho, como acontecia sempre, e agora passa-lhe ao lado a estrada. As pes­soas podem pôr-lhe flores, o que fazem, e deitar uma oferta por intenção dos seus defuntos ou das almas do Purgatório. O outro nicho está vazio, apesar de" numa campanha que se fez, se destinar para ele um azulejo, que nunca foi posto.
Existem muitos moinhos em ruína nesta área, que eram movimentados pelas águas do ribeiro Cabril e agora são lembrança do passado. Só um funciona, como relíquia de um passado em que as povoações se bastavam a si próprias.
É uma povoação majestosa, onde as casas se espalham pela colina, que encanta os nossos olhos. Consideramos aqui como VILA CHÃ a parte da Penajóia que vai da Ponte sobre o ribeiro Cabril, e a que chamam ainda Ponte de Vila Chã, até à capela de Santo António, com os diversos lugarejos em que se divide esta área.
Não é fácil delimitar povos e nomes. Depois de atravessado o lugar pela estrada de que se fala ao lado, começaram a construir-se várias casas e, hoje, pode dizer-se que Vila Chã é o lugar da Penajóia que mais construções novas registam.
Proporcionou ainda a abertura de uma casa comercial, com Café e Mer­cearias, ao lado de outros artigos que ali se podem adquirir. Outro apareceu, mas não se aguentou. Proporcionou a aparição de fruteiros e de duas empre­sas de construção civil e o apro­veitamento de trabalhadores locais para isso.
É nesta parte da freguesia que se situam muitas das nascentes de água que abastecem grande parte da Freguesia e era notável o rego que vinha do Castelo e lhe passava ao cimo, permitindo a rega dos seus campos e que ia até Valclaro e Barrô, hoje sem grande valor de regadio.
Religiosamente, estão muito agarra­dos à Igreja de Santíssimo Salvador, por Quem têm um grande amor; e a Igreja, na sua reconstrução, sente bem esse amor pelo edifício e por quem ali está como Padroeiro da Penajóia.
As crianças vão à Escola de Molães, que se situa entre o Paço e Fiéis de Deus, muito longe de Santo António, por exemplo. Junto da Igreja têm o Jardim Infantil.
Tem 51 famílias e 175 moradores.


Fr. Cardoso e P. Armando, in “Ecos de Penajóia”, Setembro de 1993, p. 4

domingo, 30 de março de 2008

CONHEÇA PENAJOIA

CORVACEIRA

uma pequena aldeia da Penajóia, situada no declive da encosta da margem esquerda do rio Douro, em frente da estação dos Caminhos-de-ferro das Caldas do Moledo.
De construção simples e rústica, as suas casas dão-lhe um ar arquitectónico belo. Possui uma capela particular, dedicada a Nossa Senhora da Lapa .
Aqui nasceu, na casa da capela, o Padre Doutor Pedro Augusto Ferreira, bacharel formado em Teologia, que foi Abade de Miragaia. No Porto. Filho de José António Ferreira, que foi familiar do santo Oficio e de D. Maria da Purificação Ferreira, abastados lavradores desta povoação. Nasceu em 14 de Fevereiro e fez a instrução primária na Penajóia. Em 1846, entrou para o Seminário de Lamego, onde completou os estudos em 1850, passando depois para Coimbra, onde principiou a Teologia em 1851, acabando por se forma em 1856.Voltando a casa de seus pais, foi ordenado em Lamego pelo Bispo, D. José de Moura Coutinho. Celebrou a primeira Missa na Capela de sua casa da Corvaceira e pouco depois , recebeu do mesmo Prelado a nomeação de examinador pró sinodal e professor de instituições canónicas do Seminário, onde esteve três anos, cabendo-lhe no último a regência da cadeira de História Eclesiástica . No mesmo período, exerceu as funções de Vigário Geral da Diocese.
Em 1861, foi apresentado e colocado na Abadia de Távora, onde permaneceu até 1864. Transferido para a Igreja de Miragaia, aqui exerceu o múnus paroquial trinta e cinco anos. Além de pároco, foi Vogal da Comissão dos Monumentos Nacionais, sócio da Associação dos Arquitectos e Arqueólogos Portugueses e da Sociedade Camoniana. Recebeu o Grau de Cavaleiro da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa. Foi benemérito e autor da conclusão do Dicionário “Portugal Antigo e Moderno”, de Pinho Leal. Escreveu várias monografias e biografias e colaborou em muitos jornais e revistas, deixando para publicar uma obra sobre o religioso franciscano, Frei Manuel da Rainha dos Anjos, intitulada “Vida Trágica”, na qual relata os trabalhos por que passou o dito frade, desde Lisboa até à Turquia.
Mas a sua grande obra literária é a “Tentativa Etimológico -Toponymica”, obra três volumes, que muitos procuram, mas já é difícil de encontrar.
Hoje, a Corvaceira é atravessada por uma estrada camarária, que liga Régua, Lamego e Resende, pela beira rio.

Frei José Jesus Cardoso,ofm.

MOLÃES



MOLÃES – PENAJOIA

Formosa aldeia da Penajóia, fica situada na margem esquerda do rio Douro, voltada para o majestoso arcaboiço da Serra do Marão. É a aldeia mais central da freguesia e onde estão instalados os serviços dos Correios, Junta de Freguesia, Posto de saúde e Igreja Paroquial. Aqui passa a estrada Lamego ao Porto, por Cinfães. A cruzar a Aldeia, estão os caminhos que sobem para o monte e descem para o rio Douro.
É uma aldeia antiga, onde existem algumas casas brasonadas e outras de bela construção, que pertencem a famílias abastadas e nobres.
Foi neste povo de Molães que nasceu um dos mais notáveis clérigos da Penajóia, o Dr .P. José Ernesto de Carvalho Rego, lente Jubilado em Teologia, Cavaleiro da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, da Ordem do Rosário do Brasil, Conselheiro e Vice-Reitorda Universidade de Coimbra. Nesta cidade faleceu a 28 de Novembro de 1875, com 77 anos de idade incompletos. Nasceu na povoação de Molães, no dia 17 de Fevereiro de 1779 e seus pais foram José da Conceição Carvalho Rego e D. Ana Joaquina d’Almeida.
Era religioso Beneditino, tendo professado no Convento de Tibães a 16 de Março de 1817.
Com a sua morte perdeu a Universidade um dos seus mais distintos ornamentos e a freguesia da Penajóia um dos seus filhos que mais a enobreceram.
Molães, após a construção da nova Igreja passou a ser lugar de encontro depois da missa dominical ou à tarde no fim do trabalho. A Igreja, que já celebrou os 50 anos e a estrada vieram dar-lhe vida a Molães.

Frei José Jesus Cardoso, OFM.

sexta-feira, 28 de março de 2008

UM "CANCIONEIRINHO"PORTUGUÊS

Com este título, o jornal LETRAS & LETRAS (n2 41, 20 de Fevereiro de 1991) publicava um artigo de João Alves das Neves sobre dois persona­gens e um local. O local é o Moledo (da Penajóia) e os personagens são Cecília Meireles e Fernando Correia Dias.
O jornal chegou-nos pela Mimi, Professora no concelho de Baião a quem alguém o mostrou.
Ora bem, Fernando Correia Dias era da Penajóia, onde nasceu, na Mata, em 1892, filho de Manuel Correia Dias e de Maria Amélia da Conceicão. O seu baptismo tem o número 116 daquele ano,
Muito novo, emigrou para o Brasil, onde foi pintor e. caricaturista, com desenhos em jornais, revistas, etc. Ali casou com Cecília Meireles, de ascendência açoriana, e que se dedi­cou às letras e cultura. Foi por isso que vieram a Portugal em 1934, onde queriam contactar Fernando Pessoa; Cecília Meireles teria feito várias Conferências nas Universidades de Lisboa e Coimbra sobre Literatura Brasileira.
O seu sucesso marcou negati­vamente seu marido, que, despeitado por não ser recebido da mesma ma­neira no seu Pais, se suicidou depois do regresso ao Brasil.
Por esta altura vieram à Penajóia e ao Moledo (onde há ainda os CORREIA DIAS), onde Cecília Meireles recolheu
muitas quadras populares que publico. no seu "Cancioneirinho de Moledo de Penajóia".
Na opinião do autor do artigo, que transcreveu 19 quadras, o Cancioneirc ainda não está impresso e ECOS DE PENAJÓIA podia fazê-lo, se as filhas ou o depositário do .Cancioneirinho' nos autorizassem a fazê-lo sem gran­des encargos para o jornal, como sejam os direitos de autor, etc.
Será que algum patricio dos que moram no Rio de Janeiro se poderia interessar pelo caso e arranjar-nos o Cancioneirinho? Serão vivas as filhas do casal, Maria Elvira, Maria Matilde e Maria Fernanda Correia Dias?
E alguém de cá sabe mais alguma coisa sobre esta familia? Não serão primas dos Correia Dias? Maria Matilde falou para a revista MANCHETE em 23­1-1982, não há muitos anos. Pos­sivelmante, ainda é viva. Se há algum estudante de Letras e literatura Brasil­eira, filho de Penajoienses, talvez possa descobrir alguma coisa, que muito nos interessaria.
Alô, Penajoienses, alô, Rio! Va­mos descobrir alguma coisa? É que se fala de 800 quadras, aqui e agora já desconhecidas. .
E ai vai uma:
"Não há negro como o melro Não há branco como o leite As mocinhas do Moledo Têm olhinhos de confeito".
P. Armando Ecos de Penajóia - Março1981
Fr. Cardoso

PENAJOIA NA POESIA


Ó TERRA FECUNDA E LINDA!
COMO TU OUTRA NÃO VI.
MEUS OLHOS CHORAM SAUDADES,
POR ESTAR LONGE DE TI.
É MEU CANTINHO AMIGO,
EM TERRAS DE PORTUGAL;
DÁ BATATAS AZEITE E VINHO
E CEREJAS NO CEREJAL.
AS SUAS CASA CAIDAS,
FUGINDO ENCOSTA ABAIXO,
CAINDO COMO CASCATAS,
NO RIO QUE PASSA EM BAIXO.
SÓ A IGREJA QUIZ FICAR ,
LÁ NO MEIO DE MOLÃES,
ONDE OS CRISTÃOS VÃO REZAR
JUNTO Á ESTRADA LAMEGO-CINFÃES.
PENAJÓIA DAS VINDIMAS,
QUE ALEGRA O VERÃO QUENTE,
ONDE A VIRGEM, LÁ DE CIMA,
ABENÇOA A BOA GENTE.
FREI CARDOSO,OFM - ECOS 1990.

domingo, 23 de março de 2008

VISITA PASCAL


O Domingo de Páscoa é um dia de festa, porque simboliza e evoca, no ritmo cristão, o primeiro dia do mundo novo inaugurado com a Ressurreição de Cristo. O Domingo de Páscoa é, nesse sentido, o mais festivo de todos os domingos. Por isso proclama a Liturgia: - «Este é o dia que o Senhor fez! Exultemos e cantemos de alegria!» Por isso também, nele, a Igreja celebra com especial solenidade a Eucaristia, memorial que recorda aquele mistério.É um costume muito enraizado no norte de Portugal, este de, no Domingo de Páscoa, um grupo de pessoas («Compasso»), sempre que possível presidido por um sacerdote, com trajes festivos e partindo da respectiva igreja paroquial, se dirigir com a Cruz enfeitada aos lares cristãos a anunciar a Ressurreição de Cristo e a abençoar as suas casas. Soam campainhas em sinal de júbilo, fazem-se tapetes de flores pelas ruas e caminhos, estrelejam foguetes no ar. Entrando em cada casa, estabelece-se um pequeno diálogo celebrativo. Dá-se depois a Cruz a beijar a todos os presentes. Tradição que o povo do norte matem e dá grande relevo a esta antiga tradição..
Fr Cardoso, ofm

sábado, 22 de março de 2008

JESUS DEPOSITADO NO SEPULCRO



Sábado Santo
.Hoje, Sábado do silêncio a Igreja permanece junto do túmulo do Senhor, meditando na paixão e a morte de Jesus, e na Sua descida à mansão dos mortos e esperando na oração e no jejum sua ressurreição.
Neste dia de silêncio a comunidade cristã reza junto ao sepulcro. Não se ouvem os sinos nem outros instrumentos musicais. Estes vão estar presentes na aleluia e na bênção do lume novo. É um dia para reflexão e aprofundamento da nossa fé. Uma paragem na vida da Igreja para contemplar, meditar e orar. O altar está despido. O sacrário aberto e vazio. A Cruz continua entronizada desde a tarde de ontem dia. Jesus morreu. Quis vencer com sua própria vida o mal da humanidade. É o dia da ausência. Dia de dor, de repouso, de esperança, de solidão. O próprio Cristo está calado. Ele, que é Verbo. Depois de seu último suspiro na cruz diz, "por que me abandonaste?", agora ele cala-se no sepulcro. Mas este silêncio pode ser chamado de plenitude da palavra. O Sábado é o dia em que experimentamos o vazio. É um dia de meditação e silêncio. Algo parecido à cena que nos descreve o livro de Jó. Ou seja, não é um dia vazio em que "não acontece nada". Nem uma duplicação da Sexta-feira. A grande lição é esta: Cristo está no sepulcro, desceu à mansão dos mortos, ao mais profundo em que pode ir uma pessoa. E junto a Ele, com sua Mãe Maria, está a Igreja, a esposa. Calada, como ele. O Sábado está no próprio coração do Tríduo Pascal. Entre a morte da Sexta-feira e a ressurreição do Domingo nos detemos no sepulcro. Um dia ponte, mas com personalidade. São três aspectos não tanto momentos cronológicos de um mesmo e único mistério, o mesmo da Páscoa de Jesus: morto, sepultado, ressuscitado: è o mistério do Sábado Santo.

Fr. José Jesus Cardoso

quinta-feira, 20 de março de 2008

Via Sacra

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INSTITUIÇÃO DA EUCARISTIA

Iniciamos, esta tarde com a Eucaristia da Ceia do Senhor o Tríduo Pascal. A celebração da morte e da ressurreição do Senhor. O centro da celebração da Quinta-Feira Santa é a instituição da Eucaristia e do sacerdócio ministerial e o novo mandamento do amor que Jesus deu aos seus discípulos. São João, o autor do quarto evangelho, não narra a instituição da Eucaristia, provavelmente, porque os outros três evangelhos e São Paulo já o haviam feito, além de mais, quando João escreveu o seu evangelho no final do primeiro século, a celebração da eucaristia já era corrente nas comunidades cristãs.
Jesus instituiu a Eucaristia. “O Senhor Jesus tomou o pão e depois de dar graças, partiu-o e disse: Isto é o meu corpo que é dado por vós. Fazei isto em minha memória”. Depois da ceia, tomou o cálice e disse: “Este cálice é a nova aliança em meu sangue. Todas as vezes que dele beberdes, fazei isto em memória de mim”.
.Na ceia, Jesus antecipa os sinais do pão e do vinho o seu sacrifício e a entrega que ele fará no dia seguinte. O pão e o vinho são um sinal real e eficaz de Jesus que se entrega à morte para a salvação de todos num ato extremo de amor e de solidariedade para com a humanidade. É a nova e eterna aliança de Deus com a humanidade. Agradeçamos a Jesus a instituição da Eucaristia, o sacrifício da cruz, a presença salvífica de Jesus em nosso meio e alimento espiritual de garantia da vida eterna.
Na Eucaristia, São João narra a cena do “ Lava-pés”. Durante a ceia com seus discípulos, “Jesus levantou-se da mesa, tirou o manto, pegou uma toalha e amarrou-a na cintura. Derramou água numa bacia e começou a lavar os pés dos discípulos, enxugando-os com a toalha com que estava cingido. Dei-vos o exemplo, para que façais a mesma coisa que eu fiz”. Participar da Eucaristia, comungar o corpo e o sangue de Cristo, é comprometer-se a fazer da própria vida uma entrega fraterna e solidária aos nossos irmãos, especialmente, aos mais necessitados, os enfermos, os pobres, as pessoas com deficiência, os anciãos, as crianças. Desta forma, estaremos colaborar para a promoção das pessoas e evitando o perigo de continuar perpetuando a desigualdade social. Cristo é a nossa Ressurreição.
Frei cardoso, OFM.

quarta-feira, 19 de março de 2008

DIA DE S.JOSÉ



DIADE S.JOSÉ
S. José homem humilde e silencioso, servo fiel e prudente que o Senhor, constituiu chefe da Sua Família, que ocupou um lugar de primeira impotência na inserção do Filho de Deus na história dos homens. Descendente de David como diz o Evangelho (Mt 1,20) une por parentesco Cristo com a ascendência da qual Israel esperava a vinda do Messias.
Como humilde carpinteiro de Nazaré, realiza-se a promessa feita a David a quem Deus confia a missão de esposo sublime entre todas as criaturas para ser o Pai virginal do Filho do Altíssimo. É “justo” no pleno sentido da palavra que significa virtude perfeita e santidade. Uma justiça que invade todo o seu ser mediante uma pureza total do coração. Uma completa adesão à vontade de Deus. “Não temas recebe Maria tua esposa”. Com mais fé do que Abraão, acreditou naquilo que humanamente é inimaginável: a maternidade de uma virgem e a encarnação do Filho de Deus. Pela sua fé e obediência, mereceu que estes mistérios se realizassem sob a sua tutela.
S. José foi sempre um acto constante de fé e obediência. A su situação de chefe de família obriga-o a entrar numa particular intimidade com Deus.
S. José nada tem para si a não ser os prodígios divinos que seus olhos contemplam , viu o Menino Infante repousar no seio da Virgem Maria, viu-o com os Magos, com os Anjos a “cantarem glória a Deus”, com os pastores e acompanhou-O na fuga para o Egipto.
S. José é para todos um estímulo de fé e de trabalho.

Fr. José de Jesus Cardoso, ofm.

domingo, 16 de março de 2008

DOMINGO DE RAMOS



DOMINGO DE Ramos, RITO QUE VEM DESDE A IDADE MEDIA
Enquanto o Natal é uma festa fixa, a Páscoa é uma festa móvel, tendo a sua data sido determinada pelo Concílio de Nicéia (325) para o domingo que se segue à lua cheia do equinócio da Primavera. Uma semana antes celebra-se o Domingo de Ramos, a celebração que dá início à Páscoa. Por todo o país multiplicam-se as cerimónias litúrgicas que marcam o início da Semana Santa e comemoram a entrada de Jesus em Jerusalém onde foi acolhido pela população que entoava cânticos e acenava com ramos de palmeiras e oliveiras, segundo relatos da Bíblia e de outros textos. Ponto alto das celebrações é a bênção dos ramos seguida (ou não) das chamadas procissões dos ramos, que por vezes têm designações específicas em algumas regiões. Tradicionalmente, os "ramos" podem ser simples, de palmas ou de oliveira, ou formados também por outras espécies como loureiro, alecrim.
Nas procissões desfilam os ramos que previamente foram benzidos na igreja e que depois são levados para casa para protegerem ,de certos males e darem sorte outros por exemplo; são destinados aos padrinhos que em troca oferecem o folar ou dão "as amêndoas" (termo que no plural pode significar, neste contexto, "qualquer oferta que se faz pela Páscoa").Esta procissão surgiu depois que um grupo de cristãos da Etéria fez uma peregrinação a Jerusalém e, ao retornar, procedeu na sua região da mesma forma que havia feito nos lugares santos. O costume passou a ser utilizado por outras igrejas e, ao final da Idade Média, ficou incorporado aos ritos da Semana Santa.
Fr. Cardoso

domingo, 2 de março de 2008

NECESSIDADE DE PURIFICAÇÃO



QUARESMA NECESSIDADE DE PURIFICAÇÃO


Não é possível reconhecer a nossa condição de peregrinos a caminho da santidade, como humildes pecadores, que por acções e omissões, vamos deixando secar no coração o amor que salva.
Em cada Quaresma, ao longo dos quarenta dias, através de acções mais diversas, a Igreja, nos ensina e adverte, tanto para a possibilidade da santidade ao alcance todos, como para o perigo do pecado pessoal, ao qual não faltam ocasiões e portas abertas a pecar.
É tempo de purificação. A Igreja apela para isso. A palavra de Deus, revelada e transmitida pela tradição ajuda-nos a entender que o santo é o cristão normal e que a santidade está ao alcance de todos os filhos de Deus, numa fé esclarecida e coerente. Não podemos esquecer que é breve o tempo de peregrinar no mundo. É preciso assumir esta verdade. Se acreditamos no Espírito Santo, peçamos-lhe também que nos conduza e anime à nossa vocação à santidade. O pecado não faz parte da Igreja, mas é resultado da falta de verdade. Por isso a Igreja nunca deixará de convidar os cristãos à conversão.
O tempo da Quaresma é uma oportunidade para ir à procura do amor de Deus e experimentar a alegria do Perdão. A Igreja - Mãe e mestra nos estimula e adverte para o perigo do pecado.
Uma coisa quero: continuar a correr para o prémio a que Deus nos chama em Cristo Jesus, para sermos salvos pela sua Cruz. A Cruz de Cristo é a fonte de todo o perdão e todas as graças, porque Cristo, nascendo de nós, tomou uma natureza que ofereceu por nós.
Fr. José de Jesus Cardoso

domingo, 24 de fevereiro de 2008

HOMENS DE TODOS OS TEMPOS

DIZEM E NÃO FAZEM

“ Senhor; ensina-me a observar a Tua lei; guardá-la-ei com todo o coração”(SI 119,34).
Jesus, dizia a propósito dos escribas e fariseus:”Fazei e observai tudo quanto vos disserem, mas não procedais segundo as suas obras, pois eles dizem e não fazem” (Mt 23,3). Jesus não duvida em reconhecer a autoridade dos doutores da lei, cuja missão era instruir religiosamente o povo, e recomenda seguir os seus ensinamentos; é um exemplo de como se deve obedecer a todos os que têm o cargo da direcção e do magistério, ainda que o não exerçam com dignidade. Por outra parte, Jesus põe os seus ouvintes de sobreaviso contra o comportamento dos doutores da lei descobrindo o seu defeito fundamental:”Dizem e não fazem”.
Todos os homens podem pecar por incoerência mas, se esta é condenável em todos, muito mais o será naqueles que, ou por missão que exercem ou pela vida que abraçam, têm obrigação rigorosa de confirmar, com as suas obras, a doutrina que ensinam e professam. Conhecer suficientemente o campo das realidades sem se preocupar por levar à prática essa teoria, cria situações muitas vezes deformadas; discute-se a virtude e a santidade e actua-se ao nível das paixões e de vícios que não se combatem. Esta “incoerência” ameaça particularmente os “praticantes”, sem excluir os consagrados, reduzindo-os, assim, a uma vida de mediocridade, desprezada dos homens e condenada por Deus. “ Conheço as tuas obras e sei que não és frio nem quente. Oxalá fosse frio ou quente! Mas, como és morno e não frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca”(Ap 3,15-16).
Deus não quer ser servido na base dum legalismo frio, mas com todo o coração, por amor e o amor, autêntico de dar sem medida. É necessário abrir o coração ao evangelho para o aceitar integralmente, tal como Jesus o anunciou. Continuemos o caminho da Cruz, nesta Quaresma que se aproxima da Cruz.

Fr. Jose Jesus Cardoso, ofm

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

A CAMINHO DA CRUZ


O JEJUM AGRADAVEL AO SENHOR:
A Sagrada Escritura diz, com precisão, que é a caridade que agradável a Deus, a partilha com o faminto e o sofredor e acolher os sem abrigo e vestir os despidos de roupas e sem abrigo e não desprezar-mos o nosso semelhante. Assim, á luz da boa consciência resplandecerá diante de Deus e dos homens o perdão do pecado.
O jejum consiste em fazer uma só refeição ao dia. A abstinência consiste em não comer carne. A Quarta-feira de Cinzas e a Sexta-feira Santa são dias de abstinência e jejum. A abstinência é obrigatória a partir dos catorze anos e o jejum dos dezoito aos sessenta anos de idade. Isto insere-se nos chamados sacrifícios que os cristãos devem fazer na Quaresma, com todo o nosso ser (alma e corpo) participante neste acto onde reconhece a necessidade de reparar os pecados para o seu próprio bem e bem da Igreja.O jejum e a abstinência podem ser trocados por outros sacrifícios, dependendo da consciência de cada cristão, do que estiver estipulado pela Igreja de cada país, pois elas têm autoridade para determinar as diversas formas de penitência cristã.
Porquê o jejum? É necessário dar uma profunda resposta a esta pergunta, para que fique clara a relação entre o jejum e a conversão, isto é, a transformação espiritual que aproxima o homem a Deus. O abster-se de comida e bebida tem como fim introduzir na existência do homem o equilíbrio necessário, e também o desprendimento do que se poderia definir como "atitude consumista".Tal atitude é no nosso tempo, uma das características da civilização ocidental. O homem, habituado aos bens materiais, frequentemente abusa deles. As civilizações de consumo fornecem os bens materiais para servirem ao homem em ordem a desenvolverem as actividades criativas e úteis, e cada vez mais para satisfazer os sentidos, a excitação que deriva deles, o prazer, uma multiplicação de sensações cada vez maior.O homem de hoje deve abster-se de muitos meios de consumo, de estímulos, de satisfação dos sentidos, jejuar significa abster-se de algo. O homem é ele mesmo quando consegue dizer a si mesmo: Não.
Fr. José de Jesus Cardoso, OFM

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

REZAR

O SEGREDO
Aos olhos de Deus a acção sem oração é inútil: um robô: poderia fazer melhor do que tu.
A oração é o fundamento da vida espiritual. Quando rezas, entras em comunicação com Deus, como uma lâmpada que resplandece porque está ligada a um gerador de corrente.

Tu crês que a oração é omnipotente, não é verdade?
Considera as seguintes palavras. “Digo-vos pois: pedi e ser-vos-á dado, procure e achareis, batei e hão-de abrir-vos” (Lc11,9). Poderá alguma companhia de seguros dar melhor garantia do que estas palavras do Senhor?

O segredo para alimentar a vida cristã é rezar. Não acredites em quem não reza, mesmo que faça milagres.



(Francisco Xavier Naguyer Van Thuan).

domingo, 10 de fevereiro de 2008

DIA DO DOENTE 11 DE FEVEREIRO





DIA DO DOENTE

É preciso aprender a viver com a doença, incluindo o próprio doente, mas sobre tudo, a lutar pela vida, com paciência e esperança, sabendo que esta nos leva à descoberta de infindáveis capacidades para superar os limites da vida no tempo.
A saúde é o melhor bem que podemos ter e desejar. É quando estamos doentes que o apreciamos melhor. A vida desenrola-se com os inevitáveis matizes da doença e é nesta situação que a dignidade e a serenidade devem marcar uma presença forte, onde o conforto, o carinho e a amizade são uma constate a criar e a defender.
A doença é uma escola de aprendizagem para todos, é preciso aprender a viver com ela, incluída os próprios doentes, mas sobretudo, a lutar pela vida, com paciência e esperança.
Numa sociedade marcada pelo bem-estar material, urge preparar os doentes para o desprendimento da vida e, naturalmente, para uma boa morte.
Se é importante ajudar a viver, não o é menos ajudar a morrer e transmitir o conforto e tranquilidade ao final da vida, aos momentos após os quais se abrem as portas da eternidade.
Não está nas nossas mãos eliminarmos o sofrimento, ele interpela-nos e dá-nos um novo sentido de viver quando estamos pregados à cruz do sofrimento. Aqui se muda a vida, a porta tenebrosa da eternidade. A capacidade de aceitarmos a tribulação e a dor que conduzem a uma aprendizagem de fé, com os olhos postos em Deus, ainda que o ignorem ou não o aceitem.
Quando se sofre, não estamos sós. Deus compadece-se de nós e está ao nosso lado.
A doença é uma escola de aprendizagem para todos.



Fr. José Jesus Cardoso, OFM.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

o que significam as cinzas ?

O uso litúrgico das cinzas tem sua origem no Antigo Testamento. As cinzas simbolizam dor, morte e penitência. Por exemplo, no livro de Ester, Mardoqueu se veste de saco e se cobre de cinzas. O Antigo Testamento demonstra a prática estabelecida de utilizar as cinzas como símbolo (algo que todos compreendiam) de arrependimento O próprio Jesus fez referência ao uso das cinzas. A respeito daqueles povos que se recusavam a arrepender-se de seus pecados, apesar de terem visto os milagres e escutarem a Boa Nova. O Senhor proferiu: "Ai de ti, Corozaim! Ai de ti, Betsaida! Porque se tivessem sido feitos em Tiro e em Sidônia os milagres que foram feitos no vosso meio, há muito tempo elas se teriam arrependido com o cilício e as cinzas. (Mt 11,21) A Igreja, desde os primeiros tempos, continuou a prática do uso das cinzas com o mesmo simbolismo
. Sabe-se que num determinado momento existiu uma prática que consistia no sacerdote impor as cinzas em todos aqueles que deviam fazer penitência pública. As cinzas eram colocadas quando o penitente saía do confessionário.
Já no século VIII, aquelas pessoas que estavam para morrer eram deitadas no chão sobre um tecido de saco coberto de cinzas. O sacerdote benzia o moribundo com água benta dizendo-lhe: "Recorda-te que és pó e em pó te converterás". Depois de aspergir o moribundo com a água benta, o sacerdote perguntava: "Estás de acordo com o tecido de saco e as cinzas como testemunho de tua penitência diante do Senhor no dia do Juízo?" O moribundo então respondia: "Sim, estou de acordo". Se podem apreciar em todos esses exemplos que o simbolismo do tecido de saco e das cinzas serviam para representar os sentimentos de aflição e arrependimento, bem como a intenção de se fazer penitência pelos pecados cometidos contra o Senhor e a Sua igreja.
Com o passar dos tempos o uso das cinzas foi a dotado como sinal do início do tempo da Quaresma; o período de preparação de quarenta dias (excluindo-se os domingos) antes da Páscoa da Ressurreição. O ritual para a Quarta-feira de Cinzas já era parte do Sacramental Gregoriano. Na nossa liturgia actual da Quarta-feira de Cinzas, utilizamos cinzas feitas com os ramos de palmas distribuídos no ano anterior no Domingo de Ramos. O sacerdote abençoa as cinzas e as impõe na fronte de cada cristão traçando com essas o Sinal da Cruz. Logo em seguida diz : "Recorda-te que és pó e ao pó tornarás " ou então "Arrepende-te e acredita no Evangelho".Finalmente, conscientes que as coisas deste mundo são passageiras, procuremos viver de agora em diante com a firme esperança no futuro e a plenitude
Fr. José Jesus Cardoso, ofm.

 
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