terça-feira, 21 de agosto de 2007

OS MUSICOS DE PENAJÓIA



(Dizem os livros e os papeis velhos)
Aí por volta de 1836, vivia na Penajóia um mestre régio que ensinava latim. Muitos rapazes desta populosa freguesia, que não andava longe dos 900 fogos, ali estudavam, e vinham a Lamego pedir ao bispo D. Frei José da Assunção que os ordenasse.
Não foram poucos os padres naturais da Penajóia.
Pois, nessa altura, resolveram alguns estudantes organizar uma filarmónica. Muitos aplausos, muita animação, e vá de andar em festas e folias. De tal modo se esqueceram os livros, que só para a «pândega» passaram a viver.
Como uma desgraça nunca vem só, e a «vida airada» acaba em asneira, à falta de dinheiro para manter tal viver, deram em constituir uma quadrilha de salteadores, que até à igreja da sua freguesia roubaram...
Mas, quem suponha que, «tão bem apresentados» e alguns de «boas famílias», eram os malfeitores, já com mortos por sua conta? E o pânico na região durou uma temporada...
Não há mal que sempre dure e, um dia, descobriu-se a quadrilha. Quase todos foram presos. Escaparam três, um do qual morreu ainda não há cem anos e, o cronista, tocava clarinete, foi vereador, procurador à Junta Geral e... Comendador.
Ficaram célebres, como terror do concelho de Lamego, os «os músicos da Penajóia», mas morreram uns nas cadeias, outros no degredo em África.
Vejam os meus bons amigos, a sorte que têm: estão livres de arranjar uma banda com estudantes de latim, que já os não há...


(Ecos de Penajóia – Maio de 1979) F. J.C. Laranjo.

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