quarta-feira, 26 de setembro de 2007

V I N D I M A S



VINDIMAS
Falar de vindimas, em termos actuais, é justificar a preocupação que cada agricultor, pequeno, médio ou grande, tem em armazenar o mais rápido possível a sua colheita, para que, com o Verão que se pode prolongar, se obtenha bom grau e boa qualidade de vinho.
Actualmente quase não nos apercebemos desta faina, que sem duvida é das mais belas e das que mais som dava à característica paisagem duriense.
Surgiram as Adegas e deixamos de ver e ouvir determinados pontos que caracterizavam os trabalhos da vindima.
As máquinas quase substituíram os homens, facilitando também os trabalhos mais duros. Tudo está diferente! Recordando a minha meninice, lembra-me de ver e ouvir as coisas que hoje não se vêem nem ouvem. Por vezes acordava ao som das cantigas que as rogas cantavam debaixo das ramadas mais densas de folhagem ou nos bardos mais típicos das encostas. Eram os bombos, os realejos, as concertinas, as flautas, os instrumentos dos grupos de homens que, embalados em cantigas à desgarrada, conduziam os cestos ao lagar.
Á noite faziam-se as «poisas», grupos de homens, por vezes já cansados, que entravam para os lagares a transbordar; em ritmos cadentes cantavam; esquerdo..., direito..., um..., dois... , até altas horas da noite.
Vinham as encubas e apertavam-se as prensas e, uma vez mais, homens e braços apertavam as prensas enquanto que um deles dava a cadencia hou... , hou... , hou... , e, com a força muscular corria a jorro o precioso néctar , para depois , à bomba ou em cântaro à cabeça , cair no afamado tonel de madeira, onde « em dia de S. Martinho todos furavam o pipinho.
Era assim o tempo da vindima, e será pelo continuar dos tempos, se cada um quiser, e se todos contribuírem para a melhoria e conservação dos valores tradicionais.

Fr. José Jesus Cardoso, ofm


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